22 de fevereiro de 2022

27 de outubro de 2018

OUTUBRO

Outubro passou desesperado. E a perplexidade com os fatos e mentiras de todo o dia enlouqueceram todo o mundo. Os textos e textões, os vídeos, as mensagens, as contramensagens, que turbilhão!
Muitos já disseram que esta não é uma eleição qualquer. E não é mesmo. Porque tudo nela é duvidoso, uma vez que é duvidosa a Justiça. Corrompida, não terá coragem de agir. E logo estará de quatro.
E se Haddad ganhar, poderá assumir? Tudo se pode se esperar de uma Justiça corrupta. Ou de um governo que se declare de cara ditatorial. O outro já declarou que não aceita um resultado que não seja a própria vitória. Não sei se desmentiu. Gente irresponsável está sempre se desmentindo.
E se a direita achar que já deu para o boquirroto Bolsonaro e mandá-lo para o outro mundo? E se Mourão assumir? E as urnas darão o resultado real ou terão sido fraudadas?
E se Bolsonaro assumir? Já teremos as hordas nas ruas, atacando as minorias ou a polícia vai se encarregar de eliminá-las? Quem serãoos escolhidos para as 30.000 mortes prometidas? Quem legalizará o "estupro corretivo"?
Quem escapará da sanha dos psicopatas?
No entanto, amanhã será outro dia, como sempre.
Acorda, amor. 

26 de setembro de 2018

LEGALIZAÇÃO OU MORTES

Que eu vou votar em Haddad e Manuela é certo. É uma questão de lealdade à democracia; de juntar os pedacinhos da Constituição e tentar a reconstrução de um país sem abusos.
Agora, lamento muito que nenhum dos candidatos apresente em seu programa um projeto para a legalização das drogas. Todos falam em segurança, e quando falam em segurança estão falando em repressão. Ninguém quer chegar perto do assunto. Têm medo do moralismo, do conservadorismo e da burrice. Preferem seguir na guerra.
E todos sabemos contra quem é a repressão. Sabemos que o modelo fracassou e que é preciso tentar outra coisa. Sabemos que cada vez mais gente fuma e qual o tratamento dado a brancos e negros, ricos e pobres. Sabemos que cada vez mais países se organizam para tornar o plantio uma atividade produtiva e saudável e curativa, além de lucrativa.
Lamento muito que prossigamos nesta política de "combate" às drogas, sabendo muito bem a quem estamos protegendo, quem são os nossos policiais,quem são os nossos juízes e a quem interessa a proibição.
Agora vem o Meirelles dizer que vai liberar a maconha. Ó surpresa, mas vindo dele, é uma daquelas piadas que a gente faz no auge do desespero.
Vai embora Meirelles. Ninguém te chamará.
E aos presidenciáveis, que revisem seus programas. Quem ignorar a necessidade da legalização está autorizando a morte como rotina. E já temos mortes demais.


...

PONTO DE POESIA

e informações. Por duas horas estaremos nesse outro mundo, de fruição da poesia, como devotos, limpando nossa mente de informações inúteis, elevando os sentidos para a produção poética universal.
Em todas as terças de outubro, às 20 horas, dois poetas convidados lerão seus poemas. Em seguida, o palco será aberto para mais três poetas da plateia: quem quiser mostrar a sua poética deve se inscrever tão logo chegue ao evento para participar do sorteio.
Assim, o PONTO DE POESIA pretende ser não apenas mais um encontro de poetas consagrados, mas também um espaço democrático e aberto a novas leituras.

19 de agosto de 2018

IMAGENS FALSAS

É lamentável como as mulheres, enfrentando qualquer risco, entregam-se às mãos de cirurgiões ou trambiqueiros para modificar-se, para tentar mais beleza, para vencer o tempo, para viverem mais uma ilusão de que durarão mais se forem mais belas. Iludidas quanto ao tempo, que não pára, não poupa nem perdoa.
Uma a uma foram mordendo as iscas das indústrias farmacêuticas e de cosméticos, e entregando-se às cirurgias para "corrigir" isso ou aquilo, que não combinava com o modelo. Qual modelo? Um modelo ditado pelos capitães da moda, que resolvem o que é preciso para fazer jus a um lugar na passarela? Qual passarela? Da homogeneidade. Da cópia mil vezes reproduzidas que transformou mulheres bonitas em criaturas bizarras, parecidas entre si, garotas bem proporcionadas em mulheres estranhas, senhoras de 60 em ex-mulheres de 30. Não percebem que isso é mais uma forma de dominação, que se estende ao corpo de cada uma e a vaidade fortalece.
Fodam-se as características pessoais. A ditadura da moda não quer saber se aquele nariz era tão parecido com o de sua mãe, que os seus cabelos crespos eram belos e livres e agora parecem uma vassoura; que as bocas, as sedutoras bocas têm hoje o mesmo traço e modificam o rosto.

Há quanto tempo? Dez, vinte (?) anos começou a loucura. Meninas de 18 anos querendo fazer cirurgia nos seios, aumentando-os, diminuindo-os, modificando-os. Aos 18! Meninas de classe média, mimosas e mimadas mandando olhares e súplicas aos pais. Por favor, papai! E lá vão os papais acompanhar (e pagar) as despesas da filhinha em cirurgias que, infelizmente, às vezes não dão certo. Também as mais pobres entraram no negócio e talvez até com mais apetite. Endividam-se para isso, enganam-se com isso.

Quando se pensa que a mulher está no caminho da independência do mundo masculino, eis que ele se apresenta, tão possível, tão promissor, tão mau como sempre foi.

E não são só as mulheres. Os homens (alguns homens) presas da vaidade e do amor pelo poder modificaram sua imagem, tornaram-se não sei que bicho estranho que impede até de que sejam reconhecidos. Mas penso que mesmo que tenham aderido à farsa das aparências perdem para as mulheres. Perdem feio.

Sei que cairão em cima de mim as mulheres que se deram ao direito de serem outras. Posso entender. Cada uma tem seus desejos. E dinheiro para pagá-los. Além do dinheiro, até com a vida.

31 de julho de 2018

A ELEITA



Carente de eleições, resolvi fazer uma, só eu como eleitora, e alguns nomes (poucos) como candidatas. 
A minha candidata, no entanto, bateu todas. Nasceu grande. E destemida. Durante toda a vida observou (e sentiu) o preconceito que até hoje neutraliza a obra das mulheres. Nasceu poeta e contestadora.
Há muitas mulheres poetas, casadas, que ficam toda a vida na sombra do marido. Vai-se ver, a poesia delas é maior que a deles, a quem também aplaudem. Há inúmeros exemplos disso. 
A minha eleita não se casaria com um homem assim. O seu companheiro, Afonso Felix de Sousa, era um homem de verdade, além de grande poeta, e a estimulava, escreviam poesia e trabalhavam juntos em traduções, em alguma época necessárias frente às durezas do regime militar, ao qual se opôs na primeira hora.
Por sua obra vária e prolífica, por seu destemor e convicções, por sua luta, por sua sinceridade e modéstia, elegi-a como A Grande Dama da Poesia Brasileira. 
Autora de uma obra extensa, e na condição também de professora, domina a norma culta, de um jeito que se vai perdendo. Conhecedora da alta poesia, tem ali um espaço de liberdade que foi e ainda é estímulo e escudo para construir o seu mundo interior, ao mesmo tempo em que registra revolta com a iniqüidade, protesto e espanto com a injustiça.
Elegi, com o título de A GRANDE DAMA DA POESIA BRASILEIRA, a poeta  Astrid Cabral, não só pela extensa obra em poesia, prosa, ensaio, tradução e conhecimento, como por seu caráter íntegro e sua simplicidade. Seu livro recém reeditado, Transanteontem, que traz crônicas escritas Brasília, entre 67 e 68, é absolutamente imperdível, e é em acontecimentos aparentemente domésticos que a autora já demonstra suas convicções humanísticas. 
ASTRID CABRAL bate bonito vários nomes da Academia, no entanto não está lá. Já se sabe o porquê. 
Fiquemos com a sua sabedoria e os seus encantos. Astrid não privilegia clubes. Vai ao lançamento dos amigos, prestigia os novos, encanta-se com a convivência com os poetas e os ajuda em sua caminhada. Grande poeta, grande mulher, grande mãe. E sempre rejuvenescendo.

13 de julho de 2018

UNS FATOS QUE REGISTREI


MULHERES

I
Ele ordenou: “Não nesta cama”
Foram 17 anos sem poder deitar
na cama de casal
sem soutien


II
Descobriu que tinha sido molestada
quando viu na televisão o que era
Já tinha 82.
Mesmo assim chorou


III
Até que um dia
quando ele dormia
enfiou-lhe no ouvido a agulha
e ficou ali, ouvindo
até que tudo se calasse