O autor do diagnóstico é o Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Maria Beltrame.
A declaração foi feita a partir dos últimos episódios em que a polícia mostra que está perdendo espaço em favelas ditas pacificadas. A política equivocada, depois de uma certa histeria, já mostra sinais da doença.
A obsessão não o deixa ver claramente a realidade. E a realidade é que chefia uma secretaria que inclui a polícia, há tanto tempo viciada em maus tratos e corrupção.
Penso que deve ser mesmo difícil ter pensamentos claros quando se atua no lado escuro da sociedade. Imagino as emanações entre esses indivíduos covardes que saem por aí às vezes para matar jovens pobres, principalmente negros.
O pretexto é a guerra às drogas. Mas isso, já se sabe, é armação. O objetivo é manter a guerra para poder matar os negros, quase todos pobres.
Imaginem se de repente, como aconteceu com a Lei Seca, nos Estados Unidos, a proibição às drogas fosse abolida, como foi. Que vexame! Mas aquilo foi em 1933! E o modelo é o mesmo?
Aqui é um pouco pior, porque com a desculpa da guerra às drogas (que mesmo os estados norte-americanos já abrandaram) a polícia continua matando quem estiver pela frente, porque não respeita ninguém que não tiver a autoridade que ela tem, uma autoridade armada; porque não respeita o morador.
Agora, conforme o previsto, a polícia está acuada. Não demorou e as quadrilhas se organizaram mais, armaram-se ainda mais, ousam ainda mais. E o inferno voltou às favelas.
Desde que existe mundo o homem quis alguma coisa mais por meio de substâncias diversas. É assim e pronto. É uma escolha que cada um faz. Isso é motivo para o massacre? Ou não é o caso de legalizar?
Mas se legalizar, como é que vão matar, invadir, humilhar a gente pobre, o público-alvo da política de eliminação?
É importante manter o pretexto, a desculpa, a mentira. E sobretudo, os lucros, as propinas, as intimidações.
E agora ainda vem a Bancada da bala (nunca pensei em ver isso) trabalhando pela redução da maioridade penal. Cada vez mais jovens morrerão ou irão para as galés - onde sempre estiveram.
Diferente do Secretário, penso que a Secretaria de Segurança é um paciente terminal.
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