A vida muitas vezes deixa de ser surpreendente para ser apenas assustadora. Mas as maldades, as más intenções, as conspirações ficam em suspenso ante ao que é, de fato, surpresa. E deliciosa surpresa.
Frente a ela tudo fica em suspenso, e depois, transformação e encantamento.
Isso é para realçar e louvar o livro provenientes do azul, de Regina Pouchain, a quem encontrei numa livraria depois de muito tempo, com grande alegria.
Para quem não sabe, Regina Pouchain, além de ser poetisa e uma bela mulher, também é companheira de Vladimir Dias-Pino, nome importante no panorama das artes, cuja obra se encontra atualmente em exposição no Museu de Arte do Rio de Janeiro. Digamos que o casal seria mais ou menos como Saramago e Pilar, o amor constante e leal, com a diferença de que Regina Pouchain tem obra própria.
Foi nesse momento de encontro que ela me presenteou com um exemplar de provenientes do azul, livro de poemas, fotos e aforismos, de que cito alguns
o devir é uma impressão
que deixa rugas
a memória nos provê de translúcidos fotogramas
a terra é a flor incandescente
que cega o sol
o homem, um hiato entre duas cores:
nascimento e morte
viver hoje: uma avenida que tangencia
os perigos da cratera
um poeta desdobra enigmas e morre de perguntas
o pânico é a loucura que escapa
o desequilíbrio é a nossa obra irresistível.
Aí está uma amostra do que provém do azul, perpassa e pousa na nossa sensibilidade.
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