29 de junho de 2013

PAIXÃO E FÚRIA

Aos meus queridos amigos leitores, eis-me aqui. Ainda vivo.
Estava fora do espaço geográfico, desconectada de outra coisa que não fossem cenários e vivências de viajantes. Andava triste de ver o mundo aqui dentro e fui vê-lo lá fora. 
Quando soube das manifestações no Brasil, a melhor parte já tinha acontecido. Primeiro o espanto, mas logo o raciocinio. Isso tudo não estava para acontecer? Não são assim os marcos da história? Diretas Já, Fora Collor, a era Lula? Acontecem, mudam alguma coisa, mas logo outras necessidades se afirmam.

Por mais que animem as características da manifestação e que se pense que o Brasil acordou, não se pense também que a direita está dormindo. Qualquer pretexto serve para confundir. Há quem diga que sempre estou vendo a direita, como um fantasma. Sem paranóia. A direita nunca dorme. Está sempre atenta e sempre tem recursos para levar a efeito seus interesses, ainda mais pagando mercenários, o que é barato num país tão caro.

Me espanta ainda que pessoas vividas, intelectualmente dotadas, prestem-se inocentemente para propagar idéias duvidosas.

Dilma, por seu lado, não ajuda nada com essas invenções constitucionais. Até um guri novo, representante de um dos movimentos que animam o país e que participou de reunião com ela concluiu que não há um plano de transporte público para o País. (O que há são pedágios - uma coisa claramente inconstitucional).  

Sempre pensei que um dia ia acontecer uma coisa dessas mas me enganei um pouco. Pensava que um dia a favela ia baixar e não ia sobrar pedra sobre pedra. Mas o governo também pensou nisso e inventou a "integração" com celulares e antena a cabo. Conseguiu pastorear mais um pouco as ovelhas. Agora o grito vem das ruas, das calçadas e das redes sociais - combatentes invisíveis. Vamos ver no que vai dar. 

Saramago já dizia que o caos é uma ordem a decifrar. Ai estamos com mais esse desafio.  

E enquanto o povo mostra uma cara nova, ou novamente pintada, mas sempre na luta, a intelectualidade brasileira recebe de braços abertos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Academia Brasileira de Letras, que fará companhia a Sarney. Junta-se ali, na proteção dos privilégios, sob o escudo das letras e dos títulos, dois dos maiores inimigos do Brasil.

Quanto à Copa - chega-se a um ponto em que a paixão nacional foi de tal modo seqüestrada que agora é também um mal. Em seu nome foram feitos vários malfeitos. E Dilma sabia disso. Juntou-se aos bandidos. 

Tudo bem, é difícil governar. Mas se for para entregar a alma ao diabo... sei não.

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