4 de maio de 2013

LA VIE EN ROSE


É possível que você tenha visto por dentro o azul do céu de ontem. Você acordou tarde e foi encontrar com seu velho, para almoçarem juntos. Ele cozinhou e os dois se refestelaram, depois, com os pastéis de nata que você levou para a sobremesa. Descansaram um pouco, depois saíram para uma caminhada. O dia estava todo maio, e foi bom caminhar assim, os dois, pelas mesmas calçadas do passado, sob as mesmas árvores. Mais um pouco e estariam de mãos dadas. Mas não. Agora não cabe. Ambos estão velhos, embora lembre um pouco a sensação de antes, quando o velho passa a mão por cima do seu ombro, às vezes, para que se toquem, para que continuem se tocando pai e filho que são. Separam-se na praça. Cada um para sua casa. E então, o noticiário, que não deixa ninguém viver em paz.



LA VIE EN ROSE


Daniel  Santos



Tudo feliz no mundo das imagens que consagram a aparência. Tudo rosa – cor sem ofensas. Processos se adensam até a tensão, mas o risco de se alterar o tom, de carregar nas tintas, faz tudo refluir à harmonia imposta.

A lei manda ser feliz na época mais aflita, quando, por impossível seguir avante, os impulsos se concentram no espaço que deveria ser já passado. Vive, assim, a recorrência pífia de um gerúndio sem ereções.

Hoje, o presente é para sempre, e a fermentação intestina, a emissão de gases sem válvulas de escape, concentra o risco de uma explosão para dentro, de uma implosão que reduzirá a História a vácuo, menos que nada.

Agora, nem passado nem futuro, nem começo nem fim! O que há se ocupa da manutenção da permanência: renova procedimentos, altera o design, mas não sai de si, que só de si sabe falar. Sozinha, resmunga.

No mais, é essa felicidade à força, velhice proibida, morte adiada! E morrer seria uma saída, um novo curso ao tempo que empacou gago. Por ora, é isso: tudo rosa, muito, muito aquém do revolucionário vermelho.


1 de maio de 2013

MACONHA LIVRE






Tudo bem, a notícia não é nova, mas o que é novo? 
Sete ministros assinaram carta favorável à descriminalização da maconha: Tarso Genro e Márcio Thomaz Bastos, que integraram o governo Lula, e Nelson Jobim, José Gregori, Aloysio Nunes Ferreira, José Carlos Dias e Miguel Reale Jr., do governo Fernando Henrique Cardoso.
Não é um time de primeira, eu diria. É um time fraco, até. Digo isso porque é pouco pedir a descriminalização. Só isso não impede o pior, que é o tráfico e a inevitável corrupção. O importante é legalizar. Não tem outra saída. E é absurdo ter que tornar legal uma coisa que diz respeito aos direitos da pessoa. 

Sete pessoas importantes que chegaram a ministros do País e não têm coragem de fazer o que é preciso. Sabem por quê? Simplesmente porque é mentira. Dizem que querem, mas não querem de fato. Estão só preenchendo espaços, posando de libertários quando são apenas neoliberais. Se quisessem mesmo, se tivessem tomado consciência de que o modelo repressor fracassou, levantariam também a bandeira da legalização. Pensam que legalizar é mais difícil, então não abraçam. E justamente por isso é difícil. Enfim, um círculo vicioso que ninguém quer furar. 
Mas a luta continua. A galera está aí, se organizando. O mês de maio - todo verde - já está pronto para acontecer. Um dia chegará em que, como eu já disse tantas vezes aqui, ninguém entenderá como foi possível que proibissem o uso de uma substância que é fruto de uma escolha pessoal. Assim como uns gostam de café e outros de chocolate. Assim como eu levo o meu baseado, você leva o seu violão ou o seu supercelular. Cada um tem responsabilidade pelas coisas que leva consigo. Livre para plantar, livre para carregar, livre para fumar - eis o sonho.
Infelizmente, vivemos num país atrasado, como são todos aqueles que têm medo. 

Abaixo, a relação das cidades onde se realizará a Marcha este ano. Se você estiver por aí, apareça. Não estará apenas defendendo um direito individual, suprimindo o tráfico que alimenta a violência; estará livrando do inferno carcerário brasileiro milhares de jovens que estavam apenas fumando um, de pleno direito, por escolha, por gosto, por prazer, coisas que ninguém está autorizado a proibir. Enquanto outros, por muito mais, seguem livres para enganar, roubar e trair.




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