12 de julho de 2015

BICICLETAS - O APITO DA VEZ


A coisa está assim: prioridade para os pedestres é o que dizem as placas, mas as obras, os buracos, as inquietações amedrontam os pedestres e não constrangem os ciclistas da Rua das Laranjeiras, onde a prefeitura executa uma obra para tirar uma via daquela rua já apertada (dois pra lá dois pra cá) via de passagem para a zona sul e para o centro, ainda mais parada nos horários de entrada e saída dos colégios.
Os motoristas de carros (que nos últimos anos pilotam pequenos caminhões), assim como os fumantes, são os perseguidos da vez. Tiraram-lhe as vagas e as ruas para transitar e não se tem onde ir se não houver estacionamento pago. Muito bem pago.
Mas quem mandou comprar? Quem facilitou? Quem permite a propaganda?
Quem deu desconto? Quem? Quem? Quem?
De repente, a cidade é invadida pelas bicicletas do Itaú. Quatro, às vezes cinco vagas são exterminadas para dar lugar ao... estacionamento do Itaú.
É moderno? É a tendência? É ecologicamente correto? Não acredito em nada, mas aceito. Os carros enferrujarão nas garagens com velhas coisas inúteis. Os gatos morarão neles. Ali ficarão também as cadeirinhas que nos obrigaram a ter, mesmo que a criança não fique confortável, nem segura, a cabeça balançando para os dois lados e o material seja muito quente. Já não temos o kit socorro. Não precisou, por demais escandaloso.
Ficarão por aí os comprovantes do IPVA, as multas em lugares nunca dantes, os pardais escondidos, os pedágios escancarados, os conselhos de confiar na sinalização. Os contratos.
Pátria e liberdade - coisa mais antiga.
Sei o que vocês estão pensando. Que tanta coisa acontecendo e eu... Bom, acontece que isto também está acontecendo. E é mais uma mostra da manipulação de que somos vítimas, aos ventos dos negócios.
Eu, francamente, não andaria numa bicicleta do Itaú. Nem que me pagassem, como se dizia há muito tempo e agora não se diz mais.
E tem mais: com essa valorização do "ciclismo", os ditos estão cheios de razão. Conquistaram seus direitos e seus espaços. A mídia os apóia, a indústria das bicicletas vai muito bem. Daí vem o ego. Só que dessa vez vem de bicicleta.
E os motoristas?  Aos leões.
Como sempre, continuamos a trocar direitos por apitos enquanto vamos morrendo, seja em que tipo de transporte for. Já se morre no ônibus, no trem, nos carros, no metrô, embaixo das marquises, de um edifício que, cansado, cai, de uma ponte e até andando de bicicleta.
Há alguma escolha?

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