11 de abril de 2013

DEVASSOS COM MODERAÇÃO


Loira, bonita, longas pernas. Vive apreensiva porque a carteira está vencida e ela já tem 47 pontos. Mas principalmente porque gosta de se divertir o que inclui, entre outras coisas, beber. Atualmente, quando vai dirigir, não bebe, mas tem medo de que, sei lá, o bafômetro detecte a cerveja de ontem, ou de todas que bebeu.  Acha que alguma coisa pode ficar, um resquício que se movimenta até na pele. Enfim, uma paranóia. Eu a tranqüilizo dizendo que não é porque comeu um bombom com licor ou uma dose de homeopatia que vai ser presa e terá a carteira apreendida. No caso do bombom ainda pode esperar 15 minutos e fazer um novo teste (o que é esperar, sozinha, tarde da noite, em lugares sinistros, 15 minutos numa blitz, com todos aqueles policiais barrigudos e mal encarados?). Depois de 15 minutos o organismo terá metabolizado o álcool. E no caso da homeopatia pode-se levar o recipiente e a receita médica. Pouca coisa frente às infindáveis coisas que você já leva dentro da bolsa. Além disso, digo – e isso é o que mais a tranqüiliza –  eles não param as loiras.

Nas propagandas, uma cerveja chama para a libertinagem (usando uma mulher, naturalmente), e logo em seguida recomenda “beba com moderação”. De fato, é coisa difícil de entender a adoção de regras para o que é devasso. O licencioso não quer saber de regras. Faz o que lhe vem à cabeça e não se envergonha de fazê-lo, ao contrário, até se  orgulha.

O controle traz segurança, dizem quase todos. É importante prevenir, dizem todos. É importante a ação da polícia, dizem todos.
E afinal, o que é uma blitz perto de um estupro? A diferença é que não há multa para estupro.  E o estuprador pode dirigir até mesmo uma van, sem ninguém que lhe recomende moderação, sem ninguém que lhe peça documentação. Sem que ninguém saiba (ou acredite) no que ele está fazendo agora ou fará dentro de 15 minutos.  

...

Um comentário:

  1. Enquanto isso, aqui em Porto Alegre, os taxistas reivindicam revista também para os passageiros, alguns de potencial risco para esses profissionais. Já ocorreram várias matanças durante a madrugada e se fala até de uma mesma arma utilizada nesses crimes.
    E haja operações custosas de transferência de presos para presídios de segurança máxima, envolvendo aeronaves militares que fariam melhor serviço jogando esses facínoras no oceano.

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