3 de abril de 2015

PÁTRIA ATERRADORA

Entre os mortos de hoje há um menino de 10 anos, Eduardo. Ontem uma menina perdeu a mãe, Elisabeth, que estava dentro de casa quando o polícia entrou atirando sem saber pra onde.
Hoje morreu Silvia, 49 que andava pelo comércio na Tijuca.
Quem são essas pessoas que se vão, que morrem assim, sem que possamos guardar-lhes ao menos o nome? Amanhã haverá outras mortes com outros nomes, alguns sem sobrenome, que desaparecem num estampido. Às vezes lembramos deles, quando sabemos que os policiais indiciados foram absolvidos, como aconteceu recentemente no caso Raíssa e como acontece sempre.

Mas hoje foi diferente. Hoje também morreu o filho mais moço de Alckmin, num acidente de avião. Desse saberemos tudo, em breve. Para essa morte há alvoroço. Com essa morte de gente importante a mídia fica consternada, como na expressão de William Waack, da Globo, ao dar a notícia. Afinal, tinham lá as suas coisas em comum. A presidente Dilma lamentou, todo o mundo lamentou. Mesmo que seja um lamento social.

No Rio, o governador Pezão diz que lamenta muito os episódios mas que não haverá recuo.
Dessa maneira informa que vão continuar essas mortes sem consolo.

A mãe de Eduardo, Terezinha, diz que marcou bem o PM que matou seu filho.
Talvez Terezinha também morra, breve e bravamente.

;;;



Um comentário:

  1. Helena, cada vez mais ácida, lúcida, translúcida. Através do teu texto nos reconheço. E temo. Através do teu texto te reconheço. E amo.

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