6 de novembro de 2015

A CEGUEIRA

Quem lembra do Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago? Trata de fenômeno transitório em que as pessoas passam a ficar cegas sem razão aparente, mas por temor do sistema frente à epidemia de origem desconhecida, são postas em quarentena em situações que se agravam na medida em que mais e mais pessoas vão ficando cegas.
Pois eu acho que está acontecendo coisa parecida com a polícia do Rio. Algo está acontecendo para que a polícia passe a não identificar, às vezes de muito perto, alguns objetos como furadeira, macaco hidráulico, peças para carro, agora até um skate e principalmente, pessoas.  Na dúvida, já que não enxergam bem, os pulícia, como se diz no vulgo, atiram e matam. Será sempre legítima defesa, isso já se sabe, de onde se conclui que uma pessoa de qualquer sexo, (cresce a população carcerária feminina) é sempre um inimigo para a polícia. Um inimigo que precisa ser exterminado todos os dias, doa a quem doer.
Antigamente a polícia só atirava em pobres e agora, - vejam só - acabou essa desigualdade. Que exemplo está dando essa valorosa corporação! Idade, raça, credo, sexo - nada disso pesa na hora de tomar uma decisão que é sempre a mesma: exterminar.

Há uma outra hipótese para tanta ineficiência, uma hipótese vigorosa de que esses movimentos abruptos que tanto assustam os policiais a ponto de fazê-los perder o controle são reflexos do medo, do medo terrível do ódio que despertam, da dor que causam, da consciência oprimida por terríveis ordens, mais letais que as armas.

Quem quer paz não faz a guerra.

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