Vejo com pesar o andamento das discussões em Copenhague. Ouvi com pesar o discurso de Obama no momento de receber o Nobel da Paz. Vejo com pesar as terras desertificadas na Argentina, no Rio Grande do Sul, no Ceará; a transposição do São Francisco e (podem se espantar) as escavações para o bem-amado pré-sal.
Desculpem, sou muito pessimista em relação ao tema. Acho que o que se perdeu é irrecuperável. Não acredito nesses acordos para 2016, 2020, 2050 quando os efeitos das ações predatórias já se fazem sentir cada vez mais rápidos.
Enquanto os governantes viajam de lá para cá, fazendo acordos e promessas, um urso solitário e perplexo sente derreter seu pedaço de gelo, onde está como numa tábua de salvação. Não se salvará. O gelo vai derreter e o urso penetrará nas águas geladas com seu pêlo denso e quente. Seus olhinhos pretos. Já lá se foi o urso.
Em algum pobrerio do Rio Grande do Sul um colono estará vendo sumir o telhado da casa, ao lado os guris magrinhos não se perguntam nada. Ali se vai o que conseguiu amealhar numa vida em que herdou do pai o pouco estudo. Uma velha será levada, o olhar parado e opaco, da casa em que morava e que vai desabar. Onde terminárá seus dias?
Não vêem, os governantes, que há vidas que se esvaem a cada desastre trazido pela chuva, pelo vento, pelas companhias de eletricidade.
Morrem os peixes num mar de plástico.
Quando tivermos tirado do mapa todas as espécies de animais, passaremos a destruir a nós mesmos, a exemplo do que já acontece, quando um homem frente a outro homem acha natural apagá-lo. Aprendemos isso nos filmes de cowboy. A doutrinação vem de longe. Só que isso acontecerá em maiores proporções. Em proporções inimagináveis, protagonizando o maior desastre da história, qual seja a autodestruição da espécie humana. Sinistro?
Durante anos as fábricas despejaram sem controle seus resíduos e os governos deixaram de fiscalizá-las. Ele mesmo é predador, com suas leis permissivas. Depois veio a monocultura, as máquinas no campo, a expulsão do homem. Os pesticidas, os agrotóxicos e agora os agronegócios. Tudo poluição. Agora estão preocupados com a Terra, que seca e enrijece como uma velha prostituta. Foi-se a glória, foi-se a bonança. O primeiro paraíso foi-se, o segundo paraíso foi-se. E a culpa de quem é? Da vaca.
.
É exatamente desse jeito que as coisas andam... e com um cheiro de hipocrisia asfixiante rondando sempre essas "mesas redondas"!
ResponderExcluirE quem disse que não somos a vaca, o admirável gado novo, uma crônica maravilhosa.
ResponderExcluirE a Rio 92, Kioto, tudo circo para a imprensa, e para os bundinhas-moderninhos de sempre.
Lembrando a palavra de ordem do poderoso chefão gostaria de lembrar de que o Rio Grande do Sul está na merda, "como nunca antes na históra desse país".
beijo