Foi uma santa maravilha a Marcha da Maconha em Salvador.
Um sucesso? Uma promessa? Sei lá, mas o que deu foi a impressão de que as coisas estão se mexendo. E não há alegria maior, quando se está defendendo uma causa, do que a gente sentir que está atingindo mais pessoas, que muitas finalmente estão a fim de ouvir, debater a questão.
Quando eu panfleteava no Porto da Barra, horas antes da Marcha, veio uma menina pedir o material que eu distribuía. Fui então entregá-lo à mãe, para que elas pudessem conversar sinceramente sobre o assunto.
Outra experiência que conheci foi a de uma adolescente que, chamada na escola para dar uma aula, preparou-a inteira sobre drogas. Ali estavam, ela e e amiga, conversando comigo sobre o assunto, com naturalidade, sob o olhar orgulhoso das suas mamães.
Todas as pessoas que abordei, e que conversavam no sábado sob o sol da Bahia, no Porto da Barra, estavam dispostas a contar suas experiências, dissipar dúvidas, ouvir opiniões.
Foi uma rara alegria acompanhar e estar junto a jovens que têm muito claro o que querem e o que devem fazer para combater uma lei sem qualquer sentido que o de reprimir e eliminar, de alguma forma, as populações pobres, com todo o aparato que isso requer, da Justiça ao porrete.
Outras coisas aconteceram que trouxeram a todos os manifestantes, não sei se 500 ou mil, porque houve muitos momentos diferentes, das duas às nove da noite, a certeza de estarem vivendo um momento único, qual seja uma manifestação sem polícia. Sem nenhuma polícia, entenderam? Sem vestígio de polícia, nem mesmo para olhar. Talvez seja isso que tenha trazido mais sensação de liberdade, mais alegria.
Não me perguntem por que motivo o governo não mandou tropas à Marcha. Não saberia responder. Sei que o prefeito é evangélico - aleluia, mas não sei se foi intuição ou apenas uma política de desdém, para mostrar que para essas coisas nem se mobiliza a polícia. Pode ter sido um aviso de Deus, sabe-se lá. Só sei que, sem querer, acertou.
As coisas aconteceram magicamente. Quando vi, eu estava, junto com minha amiga Vanessa, que está toda voltada para a vida de ser mãe, carregando a faixa da ANANDA na Av. Oceânica.
Viva, portanto, e prossiga o movimento na Bahia, à frente o ativista Sérgio Vidal, que está com tudo.
Ainda cheguei a tempo de participar do debate promovido pelo Globo na Oi Futuro. Não fiquei para o coquetel, confesso que tenho certos pudores, mas saí de lá com o mesmo ânimo: de que a coisa está se mexendo.
Há contradições? É dificil regulamentar? Nada é simples, meus caros, mas tudo é possível quando há vontade. Já não somos ingênuos para confiar em certos "parceiros", mas é ótimo quando se encontra alguém que diz: "Mudei de idéia." E está sendo sincero.
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é, o povo começa a entender as artimanhas que há por trás dessa discussão toda, algo que vc sabe esclarecer como ninguém. muitos nem desconfiam, mas trata-se, no fundo, da luta pela paz. axé!
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