Essa é boa, agora os leitores reclamam. Poucas postagens? Como assim?
Desculpem se me descuido. Não, nunca esqueço. Apenas outras coisas me chamam a atenção a ponto da perplexidade se instalar.
Pé de maconha algemado em operação policial (a foto rolou geral e a galera morreu de rir), a mulher que causou um acidente no trânsito enquanto se depilava, o Governador chorando as perdas (e secando com o lenço) as chamadas na mídia (favoráveis) à legalização das drogas, enquanto as autoridades e a lei (sempre atrasadas frente às necessidades do dia) comandam as mortes numa guerra sem fim.
O proibicionismo não deu certo. Tentemos outra coisa. Simples assim.
Um dia nossos pósteros saberão que isso acontecia no século XXI e passaremos por otários, como sempre acontece. Filmes serão feitos e todos se perguntarão: mas por que razão proibiam?
Outros tempos, outros enfoques, outros interesses econômicos.
Tudo isso dilui o que importa e que é, vocês sabem, a
ALIMENTAÇÃO BÁSICA
I
acordei com um sopro
que pensei poema
era tão claro, tão definitivo
nunca poderia esquecê-lo
não o escrevi de pronto
escovar os dentes cuidar do gato
ouvir as notícias
quando vi já não estava
foi-se em forma e sentido
e me deixou deserta
eu, que tanto peço água
II
quando chega num cochicho, sopro (ou era sonho?) é preciso largar tudo, esquecer os dentes, o gato, as notícias e sair desabalada, mostrar-lhe que é o primeiro, que para ele estão voltados todos os sentidos, falhos ainda, é verdade, os olhos mal abertos, as pernas toscas, onde está a caneta, ligo ou não o computador, o risco da curiosidade do dia, não deixar que nada distraia a memória calcinada, o helicóptero que voa baixo ou o vizinho que liga o motor do carro. é preciso abstrair tudo o que existe e o que ainda não, o que se interpõe ou dilui até que ele se mostre inteiro, absoluto, supremo – e de sopro se transforme em poema, e a graça se instale em quem lhe serviu de instrumento
.
Desculpem se me descuido. Não, nunca esqueço. Apenas outras coisas me chamam a atenção a ponto da perplexidade se instalar.
Pé de maconha algemado em operação policial (a foto rolou geral e a galera morreu de rir), a mulher que causou um acidente no trânsito enquanto se depilava, o Governador chorando as perdas (e secando com o lenço) as chamadas na mídia (favoráveis) à legalização das drogas, enquanto as autoridades e a lei (sempre atrasadas frente às necessidades do dia) comandam as mortes numa guerra sem fim.
O proibicionismo não deu certo. Tentemos outra coisa. Simples assim.
Um dia nossos pósteros saberão que isso acontecia no século XXI e passaremos por otários, como sempre acontece. Filmes serão feitos e todos se perguntarão: mas por que razão proibiam?
Outros tempos, outros enfoques, outros interesses econômicos.
Tudo isso dilui o que importa e que é, vocês sabem, a
ALIMENTAÇÃO BÁSICA
I
acordei com um sopro
que pensei poema
era tão claro, tão definitivo
nunca poderia esquecê-lo
não o escrevi de pronto
escovar os dentes cuidar do gato
ouvir as notícias
quando vi já não estava
foi-se em forma e sentido
e me deixou deserta
eu, que tanto peço água
II
quando chega num cochicho, sopro (ou era sonho?) é preciso largar tudo, esquecer os dentes, o gato, as notícias e sair desabalada, mostrar-lhe que é o primeiro, que para ele estão voltados todos os sentidos, falhos ainda, é verdade, os olhos mal abertos, as pernas toscas, onde está a caneta, ligo ou não o computador, o risco da curiosidade do dia, não deixar que nada distraia a memória calcinada, o helicóptero que voa baixo ou o vizinho que liga o motor do carro. é preciso abstrair tudo o que existe e o que ainda não, o que se interpõe ou dilui até que ele se mostre inteiro, absoluto, supremo – e de sopro se transforme em poema, e a graça se instale em quem lhe serviu de instrumento
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Adorei o Alimentação Básica (I e II).
ResponderExcluirÉ a própria vida em poesia.
Ou melhor, é poesia saltando dos olhos,
da pele, da vida.
Isso é para poucos. Raros privilegiados.
E eu que gosto tanto dos poetas!
Lena Brasil
Helena, um grande beijo!
ResponderExcluirNão imaginas como me emocionei com a Alimentação Básica...
Jorge
a verdade nua e crua
ResponderExcluirbelo belo belo
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