28 de julho de 2010
CAÇADA AOS LOBOS
Lembro que li o livro com um certo escárnio divertido. Saramago devia estar ocupado, namorando, quem sabe, e pôde escrever pouco naquele ano. Vai assim mesmo, diz a Companhia das Letras. A Cia Suzano agradece, o Greenpace comparece. E então saiu o ano de 1993. Lembro que era tanto papel para tão pouco texto que até eu aproveitei para escrever um pouco em polen bold. Mas tudo bem. O fato é que ali há coisas como:
A cidade que os homens deixaram de habitar está agora sitiada por eles
Não deve passar em claro o exagero que há na palavra sitiada
Como exagero haveria na palavra cercada ou outra qualquer sinónima perfeita
Os homens estão apenas em redor da cidade tão incapazes de entrarem nela como de se afastaram para longe definitivamente.
São como borboletas da noite atraídas não pelas luzes da cidade que já se apagaram há muito
Mas pelo perfil desarticulado dos telhados e das empenas e também pela rede impalpável das antenas da televisão.
De dia uma enorme ausência guarda as portas da cidade
E a ruas têm aquele excesso de silêncio que há no que foi habitado e agora não.
Na cidade apenas vivem os lobos
Deste modo se tendo invertido a ordem natural das coisas estão os homens fora e os lobos dentro
Nada acontece antes da noite
Então saem os lobos a caçar os homens e sempre apanham algum
O qual entra enfim na cidade deixando por onde passa um regueiro de sangue
Ali onde em tempos mais felizes combinara com parentes e amigos almoços intrigas calúnias
E caçada aos lobos
Aí está. Saramago como sempre. Mesmo quando escrevia pouco era muito. Quando cheguei em casa fui às Pequenas memórias. E achei o que havia esquecido, na minha memória pequena: a dedicatória, coisa que Saramago também faz muito bem.
A Pilar, que ainda não havia nascido
e tanto tardou a chegar
Para que vocês vejam que a qualquer momento estão a acontecer coisas importantes.
...
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22 de julho de 2010
FAÇA A COISA NOVA

Estive ausente do blog, e ainda bem que houve quem reclamasse. Que sintam falta do que escrevo, e não de mim. É melhor assim. Porque as palavras podemos usar à exausão, repeti-las, recriá-las. Já o corpo é esse somente, e único, ao que se saiba. Um dia será o corpo do sossego, mas por enquanto é só inquietação.
O blog faz um ano no dia 24 de julho. É bom não deixar para amanhã. A primeira postagem foi em relação à FLIP. No ano passado foram quadrinistas, este ano são rokeiros. Aprecio os dois gêneros, mas pensei que a feira era de literatura, e vocês? De qualquer modo, a coisa segue a tendência: misturar para não aprofundar. Simples assim.
Ensaiei alguma coisa sobre o fim do Jornal do Brasil mas não consegui. Ainda dói. E o vulto de Barbosa Lima Sobrinho surge enorme, enquanto os tannures retomam o caminho da mediocridade onde sempre estiveram.
Sobre o quê, então - noticiário geral? Vamos combinar: está triste. As maldades superlotaram o baú do mundo e resolveram saltar para todo o lado. Ninguém mais controla. A televisão não se cansa de cansar. Não serei eu a dar força ao desvario.
Volto, portanto, ao que há de novo, e mesmo assim já faz história: a causa da legalização das drogas.
13 de julho de 2010
COM QUANTOS TAXISTAS SE FAZ UM BRUNO?
Sabemos que não é só ele que se diverte espancando mulheres. Quando se diz festas, das quais muitos deles participam, trata-se no mínimo de um grupo de pessoas(?).
E o pacto de amizade eterna com seu amiguinho? Isso diz alguma coisa para vocês? Para mim diz muito. Por que um homem odeia tanto as mulheres?
8 de julho de 2010
ESCOLHAS QUE NÃO DEPENDEM DA FIFA
Tratemos de outros assuntos: a Polícia Rodoviária Federal apreende 21,5 toneladas de maconha, marca record no Brasil - noticia o jornal O Globo neste 8 de maio.
O leitor pode parar para fazer as contas do que isso significa em termos econômicos para um país em desenvolvimento, acredite ou não que a maconha possa fazer algum mal ou que alguém vai deixar de usar drogas em geral porque alguns acham que não devam, e proíbam. Mas o que eu penso ou o que você pensa passa ao largo da realidade.
Os mais informados (não os que comentam notícias d´O Globo, por favor) podem pensar: mas por que tudo isso? E todos sabemos: as grandes decisões andam ao lado das melhores comissões.
De qualquer forma, toda causa precisa de clamor popular, e eu, que sou povo, clamo desse lado: LEGALIZE!
Meu candidato, portanto, não pode ser ninguém menos do que Renato Cinco, que conheço há alguns anos e tem mantido firme a bandeira que é também a minha. Conheci-o por meio de um filme feito por ocasião do I Forum Social de Porto Alegre (ainda uma esperança) e senti firmeza no seu discurso. É um homem de coragem, e isso, posso dizer, não é pouca coisa. E também: Renato Cinco não tem vice, o que nos dá um certo alívio, frente aos vices da atualidade, e com certeza não amealhou os milhões declarados de tantos dos nossos candidatos.
Para quem não conhece, apresento meu candidato:

Renato Cinco 5055
http://www.renatocinco.com.br/
LEGALIZAÇÃO DA MACONHA JÁ!
Após quatro décadas de “guerra às drogas”, todo o dinheiro gasto, a prisão de dezenas de milhões de pessoas no mundo todo, as inúmeras mortes causadas por disputas entre quadrilhas de traficantes ou pela repressão a elas, é preciso reconhecer que a proibição das drogas fracassou completamente, no mundo inteiro. Os seus resultados são a expansão da população carcerária, o incremento da violência dentro e fora das prisões e a disseminação da corrupção. As drogas proibidas estão mais potentes, mais baratas e mais acessíveis, e o tráfico está mais rico do que nunca.
Os objetivos declarados da “guerra às drogas” – a redução da criminalidade, do abuso de drogas e da dependência química, do uso de drogas pela juventude – nada disso foi atingido. Pelo contrário, a situação só piorou, no Brasil e no mundo. O cenário atual é o de uma política absolutamente falida, que só faz cobrar um preço cada vez maior em vidas humanas e recursos públicos. Os mortos e encarcerados, na sua quase totalidade são jovens, negros e pobres. Os campos de batalha são as favelas e as periferias dos grandes centros urbanos. Nada disso é coincidência, a “guerra às drogas” é na verdade uma guerra aos pobres, uma insanidade autoritária que precisa acabar o quanto antes.
Para salvar vidas e reduzir drasticamente a violência em nossa sociedade, para parar de jogar no lixo o dinheiro dos contribuintes, é preciso acabar com a proibição das drogas. Um sistema legal de controle da produção, inclusive do cultivo para consumo próprio, e da distribuição dessas substâncias seria de longe muito mais efetivo e ético do que o desgastado e corrompido mecanismo repressivo de hoje. A legalização das chamadas “drogas ilícitas”, especialmente da maconha, é uma imposição da vida real, que derrotou impiedosamente o moralismo proibicionista. Em defesa da vida, da liberdade e da paz.
Festa do Cinco
Balaio Cultural Rua dos Inválidos 204, Lapa
Sábado, 16 de julho, 23h
Inteira R$10 - Meia R$5 - Lista Amiga R$20
Renato Cinco ficou conhecido do público pela sua militância na Marcha da Maconha, mas a sua trajetória começou muito antes.
Renato Athayde Silva nasceu em 1974 no Rio de Janeiro. É graduado em Ciências Sociais pela UFRJ, trabalha no Gabinete do Vereador Eliomar Coelho e é responsável pelas relações do Gabinete com os movimentos sociais.
Militou no movimento estudantil secundarista e participou ativamente das lutas estudantis da sua época: contra os aumentos de mensalidades das particulares, por passe livre nos ônibus, por meia-entrada nos cinemas, contra o sucateamento das escolas públicas.
Foi vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos da Praça Saens Peña.
Na UFRJ, foi coordenador do DCE Mário Prata e do Centro Acadêmico de Ciências Sociais, representante dos estudantes no Conselho Universitário (CONSUNI) e uma das lideranças do movimento pela democracia e pela autonomia universitária contra a nomeação pelo governo FHC do candidato menos votado para reitor da UFRJ em 1998.
Em 2004, Cinco ajudou a organizar o PSOL e iniciou sua militância pela legalização das drogas. Em 2006 foi candidato a deputado estadual.
BASTA DE GUERRA AOS POBRES!