Operários - Tarsila do Amaral
Cheguei querendo contar as coisas todas interessantes e às vezes perturbadoras que aconteceram no Recife. Descansada pela esperança, talvez, de ver que a poesia está mais presente no dia-a-dia das pessoas que povoam o Brasil. Talvez esse amor pelo Brasil venha de um outro tempo em que se pregava o nacionalismo, o patriotismo, vistos hoje como repentes emocionais que só rolam em pódios esportivos.
Mas uma visita respeitável, a da Morte, veio novamente me confrontar com a solidão. É que perdi uma tia querida (e se me olho no espelho ainda a vejo). E penso nela principalmente porque lutava sempre, ao lado do rádio, defendendo idéias. De prontidão na Legalidade, resistente na Ditadura, avançando nas Diretas Já, lentamente marchando com a classe operária até chegar ao dia de hoje, o dia das eleições. Sem nunca hesitar, sem nunca esmorecer.
Em junho, quando a vi pela última vez, já diminuída pela doença, apenas dizia que queria chegar até outubro para votar em Dilma. E lembrava sempre o nome dos traidores, trazia para as conversas nomes que tinham acabado por si mesmos. Desmascarando a hipocrisia. Ela sabia, conhecia bem a história e seu avesso.
Lembro as pregações entusiásticas, como se falasse de um palanque, apresentando argumentos imbatíveis. E uma resistência de soldado. Por outro lado, era a guardiã das vidas sem consolo, dos terminais, dos permanentemente necessitados, ao mesmo tempo em que abraçava causas que considerava justas, entregava-se nas amizades eternas e na vertigem dos temperos, com os quais nos levava aos céus.
Lembro as pregações entusiásticas, como se falasse de um palanque, apresentando argumentos imbatíveis. E uma resistência de soldado. Por outro lado, era a guardiã das vidas sem consolo, dos terminais, dos permanentemente necessitados, ao mesmo tempo em que abraçava causas que considerava justas, entregava-se nas amizades eternas e na vertigem dos temperos, com os quais nos levava aos céus.
Foi-se a minha querida sem realizar seu último desejo. E eu, que há tanto tempo não acredito na democracia representativa, que não acredito em governo nenhum e tampouco em processos eleitorais, olho-me no espelho e a vejo. E se está viva votará. Em Dilma. Um voto de homenagem. E assim se faz a história. ...
Assim é, querida.. A Vida. E se vês o rosto de tua tia no teu é que também os corações são iguais. És tu também a amiga dos desvalidos, especialmente dos poetas... e mais não é preciso dizer .SAUDADES
ResponderExcluirMarcando presença para conferir todas as novidades desdte maravilhoso blog. Está cada vez melhor, indicarei nas minhas páginas, aguarde.
ResponderExcluirBeijabrações
www.luizalbertomachado.com.br