Para mim, os políticos e seus representantes (afinal os juízes defendem o direito de quem?) aproveitam-se ao máximo dos assuntos que estão em pauta para colocarem-se, eles mesmos, também na mídia. Sei de gente que ouviu todos os votos com emoção.
A imagem que tenho usado para desfazer tal ilusão é a de duas filas. Uma é de pessoas contra, outra de pessoas a favor (de qualquer coisa: legalização das drogas, aborto, direito à moradia - o que não temos). As filas engrossam, mas não andam. No entanto, todos acreditam que sim, porque está na mídia. Segue o barco, só que está ancorado.
Agora me digam vocês, e os senhores supremos, como é que uma pessoa pode se manifestar livremente sem dizer o nome (O NOME!) daquilo que defende?
Usemos o exemplo da maconha: Como é que você pode pôr a sua cara na rua sem dizer que acha que é uma coisa que lhe faz bem? O que faz com que as autoridades considerem ilícito o uso de uma droga em relação a outra? A lei? Pensei que a lei servisse para regulamentar os costumes demandados pela sociedade, e não para reprimi-la, prendê-la, chantageá-la. Ou será que se baseiam em relatórios de saúde para constatar, por A + B, que maconha faz mal? Quem pode me dizer o que é bom para mim?
Acreditem, amigos. Sonho não é ilusão. Quando as autoridades tomam a frente das nossas idéias, consideram que dá pra discutir sobre nossos direitos individuais, alguma coisa está mal.
Vejam Fernando Henrique, por exemplo, festejado em seus 80 anos. Querem matéria sobre legalização? Chamem Fernando Henrique. Mas prestem atenção: Ele antes falava que era a favor da legalização, hoje diz que é a favor da regularização, que é coisa bem diferente. Serão os 8O anos ou ele sempre foi escorregadio? De repente me veio a palavra réptil. Logo eu, que prefiro cobras e lagartos a FH.
Isso, de sermos um e sermos todos, Murilo Mendes disse melhor:
Somos todos poetas
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
In: A poesia em pânico. Rio de Janeiro, Cooperativa Cultural Guanabara, 1938.
que leitora iluminada foi essa, duplamente preconceituosa? (com idade e drogas).
ResponderExcluirvê-se que na terceira idade ela será uma sábia, se depender da mentalidade que anda construindo agora.