26 de dezembro de 2011

BELIEVE OU NOT BELIEVE

Agradeço a todos os que se lembraram de mim com simpatia, mandando-me mensagens e votos de bom Natal.
Talvez gostasse de acreditar na história de Jesus – um belo romance com um personagem indiscutivelmente arrebatador. Mas as igrejas que falam em seu nome são todas perigosas. As igrejas e todas as instituições que queiram incutir o pensamento único. As igrejas roubaram-nos os bons exemplos, assim como os governos.
Não acredito em governos. Não acredito em quem queira me governar sem me conhecer. Não acredito em governos, nos políticos que os compõem e em seu braço armado: a polícia. Também não acredito na sinalização, no futuro do petróleo, do pré-sal, na Justiça, na Receita Federal, na sustentabilidade, no voluntariado, na OEA ou na ONU. Em resumo, não acredito na lei e muito menos em carta de intenções.

Já acreditei na evolução do ser humano. Mas o tempo me mostrou que é sem chance. O que vejo é regressão. A ganância, a tv, a imprensa em geral, a mediocridade, a indiferença, o medo foram mudando a essência dessa estranha espécie que é a nossa e que, como todas, é parte da natureza. No entanto, resolveu matar a mãe. Está doente, portanto. E a doença não foi diagnosticada precocemente. Está sem tratamento. O futuro é a degeneração.

Em que momento passamos a involuir? Não tínhamos a ciência, a tecnologia, a filosofia – tudo à disposição? Tínhamos, mas todas essas áreas de conhecimento quiseram sobrepor-se à poesia. Deu no que deu.
O tempo passou e as tendências mudam.
As coisas vão endurecendo na crise. Para o extermínio, é um passo.
Quem fica? Quem sobra? Quem pula?
O mundo acaba quando apagar a luz?
E como ficarão as conexões jamais perfeitas?
No que acredito: cada um no seu rumo, cada um com seu papel, na sua missão, grande ou pequena, no diário dever de viver para um dia ir-se. Para outro planeta, para outro plano, para o encontro com os afetos verdadeiros que a violência da vida deixou separar? Sabe-se lá.
Uma coisa em que acredito inevitavelmente é na morte. Sobre o seu advento não pairam dúvidas. E ela traz consigo o mistério - o único mistério cercado de milagres.




Mas não vou deixá-los sem a Poesia, que permite todas as crenças (e descrenças) e onde mora a liberdade.

LITANIA DO NATAL



José Régio


A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

...

4 comentários:

  1. Olá querida, também tenho esses pensamentos sobre tudo e mesmo assim continuamos nosso caminho.
    Adorei o poema, mil beijos Re De e da Lú também.

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  2. Este texto deve ser colado nos postes, muros, casas de passagem ( aliás o que não é de passagem ? ), estações rodoferroviárias e afins,
    como é bom ler algo com essa alma e fora do senso ordinário, primitivo do nhém-nhém-nhém global que infesta de bactérias as cabeças sem miolos.
    Só podia ser de nossa Helena, poeta e visionária, com a sensibilidade que talvez um dia antes da criação o primata criador tenha possuído.
    Não te processo por plágio por não ter sequer talento pra escrever assim, mas desconfio que estás grampeando meu pensamento ( o que é um risco pra ti ).

    beijo

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  3. QUERIDA, QUANTA SAUDADE!

    UM ANO DE MUITA SAUDE, MUITA PRAIA E MUITA

    LUZ NO SEU CAMINHO.

    BEIJOS NO CORAÇÃO,

    GEIZA - CACAU SHOW - GALERIA CONDOR

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  4. Tocastes num ponto chave: estão esquecendo da poesia e com isso o mundo vai ficando pior, belo texto, parabéns!

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