3 de outubro de 2012

A VITÓRIA DE UNS

"Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

(Fernando Pessoa)

Então é isso: não importa que os jornais divulguem todos os dias os números e os casos, vamos chamar assim, de mortes por incompetência do Estado. De quem é a culpa pela falta de esgoto, pelo transporte caótico, pelo lixo, pelos engarrafamentos, pelo medo, pelo assalto, pelo golpe, pelas calçadas eliminadas, pelo péssimo serviço de saúde e (oh!) pela inimaginável confusão que hoje se chama educação - isso ninguém sabe. Estão todos satisfeitos, estão todos conformados com o quinhão que lhes cabe e que parece já é muito. A polícia está aí para assegurar a ordem. A ordem é trazer insegurança. Agora chegam as Forças Armadas. Para que tanta alegria? As milícias não morrem. Elas são o crack da polícia. Todo o mundo tem seu vício. 

Pois então, quem sou eu para me insurgir? Quem sou eu para achar que está tudo mal e que o fato de todos terem celular não significa exatamente que saibam o que estão falando? Só de uma coisa temos certeza: somos cada vez mais burros, mais mal educados, mais primitivos. Não adianta o prefeito dizer em elaboradíssimas peças publicitárias, com sua cara de bom moço e sua camisa sempre limpinha que o amor pelo Rio fará com que nós todos, juntos, façamos um Rio melhor. Não me fará chorar com  aquela voz embargada de quem não se cansa de trabalhar pela cidade. Não deve ser assim tão difícil. Não deve ser tão cansativo, pois se fosse não repetiria a dose. E não me importa o que diz o TSE. Quem estivesse em cargo executivo não poderia concorrer A NADA. Vai fazer seu trabalho, e NUNCA usar a máquina pública para "facilitar as coisas",

Então é isso: está tudo muito bom com o povo das favelas, que só são estimulados a praticar esporte, como se o esporte fosse a única coisa que pudesse resgatar um jovem pobre do perigo do seu meio. É claro que o sistema acha que para um pobre está muito bom qualquer coisa em que ele possa se destacar. Mas um povo não é feito de gente coroada. O povo é uma outra coisa que se move em várias direções com preparo insuficiente. Não pode caminhar mais do que o sistema lhe oferece: E o sistema não lhe oferece o mais importante, que é uma educação de base e liberdade de pensamento. Tudo vem pronto, enlatado. É sempre a mesma música. 
Além disso, quem sou eu para duvidar do sistema eleitoral? Garantem que é bom, que é moderno, mas eu sei que hoje em dia, com tanta tecnologia, não há resultado que não possa ser modificado.  
Mesmo assim vou sair de Piratininga, em Niterói, atravessar a ponte e seguir até Ipanema para votar em Marcelo Freixo. Não serei eu que aumentarei a diferença. Voto consciente do fracasso. Não será a primeira vez. Mas é a primeira vez com tanta vergonha. 

...


Um comentário:

  1. Caramba, Helena,

    ninguém escreveu nada. Falo eu:

    A maquiagem acaba no 2º semestre de 2016 e o Freixo vem. Até lá.
    Bj Elida

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