6 de maio de 2015

"NÃO SEI POR QUE PENSAS TU, SOLDADO..."

Não houve panelaço para protestar contra os 61 milhões de bônus para policiais civis e militares que cumpriram metas. Quais metas? Não me perguntem, porque o que vejo a polícia fazer cruelmente é matar. Como se brincasse, apenas. Como se maltratar, agredir, humilhar e mentir fosse a coisa mais inocente do mundo.
Premiar a polícia é premiar a brutalidade, os maus-tratos, os "arranjos", os bondes, o abuso de autoridade.
Hoje morreu um polícia e recebeu honras militares. O civil que morreu não teve nem nome divulgado.
Mas ninguém deu a mínima. Estão todos fazendo a direita festiva, o inocente útil. Vamos dar um panelaço e voltar para ver o jogo.
Ninguém se importa com a quantidade de dinheiro que se gasta em segurança e o dinheiro gasto em educação. Ainda não viram que uma depende da outra. Ainda não.
Meus protestos são inúteis. Por isso deixo aqui algo maior, que ofereço à polícia, como uma bandeira branca, uma pedra ou uma foice - algo mais forte que a forma - que remete à coragem - de Nicolás Guillén, poeta cubano (1902-1989).



      No sé por qué piensas tú
        No sé por qué piensas tú,
        Soldado, que te odio yo,
        Si somos la misma cosa
        Yo,
        Tú.

        Tú eres pobre, lo soy yo;
        Soy de abajo, lo eres tú;
        ¿De dónde has sacado tú,
        Soldado, que te odio yo?

        Me duele que a veces tú
        Te olvides de quién soy yo;
        Caramba, si yo soy tú,
        Lo mismo que tú eres yo.

        Pero no por eso yo
        He de malquererte, tú;
        Si somos la misma cosa,
        Yo,
        Tú,
        No sé por qué piensas tú,
        Soldado, que te odio yo.

        Ya nos veremos yo y tú,
        Juntos en la misma calle,
        Hombro con hombro, tú y yo,
        Sin odios ni yo ni tú,
        Pero sabiendo tú y yo,
        A dónde vamos yo y tú Y
        ¡No sé por qué piensas tú,
        Soldado, que te odio yo!

2 comentários:

  1. Essa direita que anda por aí, uma direita que em parte não se considera direita, deu de cacarejar por tudo. Fazem panelaços, pedem impeachment, saem em passeatas, quebram vidraças...Quanta papagaiada! E não querem dizer nada, apenas cacarejar. Milho para eles.

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  2. Sozinha tu não estás, nem são inúteis teus protestos, Arte, delicadeza e clareza de raciocínio são armas não-letais. Demoram para começar a agir. Mas são de longo alcance. E tu, Helena, as têm de sobra!

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