19 de maio de 2018

MARCHA DE SAMPA - 10 ANOS DE LUTA

No sábado, 26, é o dia da Marcha da Maconha de São Paulo, fechando maio. São 10 anos daquela que é hoje a maior Marcha do Brasil. 
Um sonho assumido conscientemente é assim: cresce e se espalha como fumaça. E não importa se é ilegal. Importa se é justo. E a liberdade individual é algo justo, a ser protegida pelo Estado.
Mas o que faz o Estado? 
Por isso faz-se necessária a legalização das drogas. Quem não quer a paz?
A paz não é proibicionista nem armada. A paz é fraternal e compassiva.
Algumas pessoas não querem nem ouvir falar nisso, mas fatalmente, e cada vez mais, a proibição das drogas atua no dia-a-dia da cidade e no recrudescimento da violência, de que tanto se queixam.
Sei que muita a gente é contra, por isso e por aquilo, mas se trata de um preconceito tão grande quanto o racial ou de falta de "nobreza de sangue", aproveitando o casamento quase real. Quem quiser de fato saber sobre o assunto sabe onde buscar.
De qualquer forma, sejam contra ou a favor, isso em nada me afasta da causa. A causa é alguma coisa que se põe à frente, como estrada a seguir, aprovada por corpo, mente e espírito. 

Não contarei agora o que devo à maconha, na saúde e na doença, nos bons e melhores momentos, no entendimento do outro e na realidade da marginalização, da vida em dois mundos. Preparo, isso sim, um livro com as crônicas que escrevi desde o início do blog www.integradaemarginal.blogspot.com.br, em 2009, defendendo a legalização, abominando a repressão, as mortes e as prisões desenfreadas. Imagino que de tudo que escrevi, cerca de 300 textos, 20% é sobre isso. 
Este livro marcará meus 50 anos de usuária.

Era maio de 1969, e o Rio de Janeiro era outro. A polícia estava focada em matar subversivos da ditadura. Ignorava outros tipos de subversão.
Aqueles mortos ainda existem, e a eles se juntaram outros, e os fantasmas de uns e outros. Mas sempre há a juventude, que vibra com palavras de ordem pela liberdade, com humor satírico e criatividade. Os jovens estão apoiados por seus camaradas. Comungam das mesmas idéias. E lutam juntos. É a força do coletivo que os impele para a frente. Outros virão. 
São Paulo prepara os 10 anos.
Eu, aos 71, preparo os 50.
Todos ao vão do Masp, no sábado, pelo fim da fracassada guerra às drogas.



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