18 de setembro de 2009

LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS - AINDA


Os brancos pobres são negros suspeitos
Os negros pobres são negros culpados
(Ângelo Alfonsin)


Como vocês sabem, este assunto não tem fim, e como agora recebo muito material (me tornei fiel depositária) é justo voltar ao assunto, não muito, para não cansá-lo, caro leitor, mas para defender um direito individual e buscar a garantia de vida das pessoas que moram em locais de risco, ou seja, em toda a cidade do Rio de Janeiro. De maio para cá, quantas pessoas já morreram, senhoras autoridades? Tudo isso porque as plantinhas crescem. Inacreditável!
A volta também se justifica pela simpática resenha escrita por Leonardo Cazes para o meu baseado em quê?, publicado no blog sobre drogas d´O Globo, agora um parceiro. O endereço é http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas, para quem se interessar.
E já que me refiro a ela, vale trazer à tona o primeiro comentário espontâneo sobre o livro, publicado em maio, por ocasião da Marcha da Maconha.


baseado em quê?
O fininho que satisfaz.

Caminhando na praia de Ipanema me atraiu a moça sentada na areia. Não me era estranha, finco o olhar e reconheço a itabirana Gisele Bragança. Tirei a moça da praia e juntas, tricotando notícias da Cidadezinha, vimos passar a Marcha da Maconha.
Na passeata, umas 300 pessoas. Entre poucos bichos-grilos predominou a rapaziada pequeno-burguesa. Eles são jovens e poetizam no asfalto da zona sul palavras de ordem: “ei, ei, polícia, maconha é uma delícia!/Não tenha vergonha de mostrar a sua cara na marcha da maconha!/Liberdade pra plantar”. No palanque desmoralizaram o movimento quando repetiram o fim religioso da Erva. Palha! Velhas práticas. Palha!
Fumar maconha não podia, afinal, a polícia também estava lá. Uns, de óculos escuros e cara fechada; outros, clarinhos, uniformizados de branco, bermuda e camiseta, não usavam óculos e sorriam.
A Marcha do Rio — pô! maconheiro não marcha, caminha, passeia —, teve a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A fala do ministro, além dos indispensáveis dados estatísticos, fez apenas revelar nomes e cargos do staff do Governo Lula, defensores de novas políticas públicas pra Erva. Mais nada, tudo a repetição da descriminalização, como é de interesse do tirano pós-moderno, o Mercado.
O grande barato do movimento ficou por conta da contribuição definitiva da escritora Helena Ortiz, com a publicação do livrinho baseado em quê? 46 páginas feitas rapidinho pra serem lançadas na Marcha da Diamba. E, em não sabendo no que ia dar, sem dar bandeira, foi o que ficou de consistente do movimento carioca.
O livro da Ortiz é um tapetinho de retalhos construído a partir de imeios entre duas escritoras e queridas amigas, Rita e Helena. Costurado com recortes de jornais e depoimento de maconheiro véio, chegou no Posto 9 um livro despretensioso, intimista e corretíssimo na abordagem da relação homem-maconha.
Começa assim: Rita, a observadora de formigas quer passar a limpo sua vida clandestina. Seu desejo é ardente manifesto de liberdade. Politizada pela comuna do formigueiro, quer aproveitar a marolinha democrática e oferecer seus segredos de estimação à nobre causa.
Rita quer celebrar a vida, relembrar e narrar experiência vivida a partir de 1969 até 2009, delimitou o tempo histórico entre dois séculos e 40 anos de maconheira. Maconheira, Rita não aceita a designação neoliberal de Usuária, ela é maconheira. Isto
posto, convidou pro banquete a amiga Helena. Poeta sem urgência, Rita quer que a Helena, talentosa na prosa, se ocupe de sua memória. Nesta data-limite o livro sustenta a narrativa em defesa da liberação geral e imediata da Erva.
Baseado em quê? é o maior barato! Quer saber mais escreva para
baseadoemque@gmail.com
Ei meninas, eu também sou tupiniquim, maconheira como vocês!


Cristina Silveira, do Rio, no dia 10 de maio de 2009.

Um comentário:

  1. Obrigado pela citação, apesar de não ser maconheiro mas ter sido criado no meio deles, sou pelo livre-arbítro e o fim tanto do tráfico como da corrupção e violência policial.
    A alimentação desta cadeia interminável vai dexando um rastro de sangue e injustiça pelo caminho, já está na hora de chutar esse balde.

    beijo

    ResponderExcluir