Os brancos pobres são negros suspeitos
Os negros pobres são negros culpados
(Ângelo Alfonsin)
Como vocês sabem, este assunto não tem fim, e como agora recebo muito material (me tornei fiel depositária) é justo voltar ao assunto, não muito, para não cansá-lo, caro leitor, mas para defender um direito individual e buscar a garantia de vida das pessoas que moram em locais de risco, ou seja, em toda a cidade do Rio de Janeiro. De maio para cá, quantas pessoas já morreram, senhoras autoridades? Tudo isso porque as plantinhas crescem. Inacreditável!
A volta também se justifica pela simpática resenha escrita por Leonardo Cazes para o meu baseado em quê?, publicado no blog sobre drogas d´O Globo, agora um parceiro. O endereço é http://oglobo.globo.com/blogs/sobredrogas, para quem se interessar.
E já que me refiro a ela, vale trazer à tona o primeiro comentário espontâneo sobre o livro, publicado em maio, por ocasião da Marcha da Maconha.
baseado em quê?
O fininho que satisfaz.
Caminhando na praia de Ipanema me atraiu a moça sentada na areia. Não me era estranha, finco o olhar e reconheço a itabirana Gisele Bragança. Tirei a moça da praia e juntas, tricotando notícias da Cidadezinha, vimos passar a Marcha da Maconha.
Na passeata, umas 300 pessoas. Entre poucos bichos-grilos predominou a rapaziada pequeno-burguesa. Eles são jovens e poetizam no asfalto da zona sul palavras de ordem: “ei, ei, polícia, maconha é uma delícia!/Não tenha vergonha de mostrar a sua cara na marcha da maconha!/Liberdade pra plantar”. No palanque desmoralizaram o movimento quando repetiram o fim religioso da Erva. Palha! Velhas práticas. Palha!
Fumar maconha não podia, afinal, a polícia também estava lá. Uns, de óculos escuros e cara fechada; outros, clarinhos, uniformizados de branco, bermuda e camiseta, não usavam óculos e sorriam.
A Marcha do Rio — pô! maconheiro não marcha, caminha, passeia —, teve a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A fala do ministro, além dos indispensáveis dados estatísticos, fez apenas revelar nomes e cargos do staff do Governo Lula, defensores de novas políticas públicas pra Erva. Mais nada, tudo a repetição da descriminalização, como é de interesse do tirano pós-moderno, o Mercado.
O grande barato do movimento ficou por conta da contribuição definitiva da escritora Helena Ortiz, com a publicação do livrinho baseado em quê? 46 páginas feitas rapidinho pra serem lançadas na Marcha da Diamba. E, em não sabendo no que ia dar, sem dar bandeira, foi o que ficou de consistente do movimento carioca.
O livro da Ortiz é um tapetinho de retalhos construído a partir de imeios entre duas escritoras e queridas amigas, Rita e Helena. Costurado com recortes de jornais e depoimento de maconheiro véio, chegou no Posto 9 um livro despretensioso, intimista e corretíssimo na abordagem da relação homem-maconha.
Começa assim: Rita, a observadora de formigas quer passar a limpo sua vida clandestina. Seu desejo é ardente manifesto de liberdade. Politizada pela comuna do formigueiro, quer aproveitar a marolinha democrática e oferecer seus segredos de estimação à nobre causa.
Rita quer celebrar a vida, relembrar e narrar experiência vivida a partir de 1969 até 2009, delimitou o tempo histórico entre dois séculos e 40 anos de maconheira. Maconheira, Rita não aceita a designação neoliberal de Usuária, ela é maconheira. Isto
posto, convidou pro banquete a amiga Helena. Poeta sem urgência, Rita quer que a Helena, talentosa na prosa, se ocupe de sua memória. Nesta data-limite o livro sustenta a narrativa em defesa da liberação geral e imediata da Erva.
Baseado em quê? é o maior barato! Quer saber mais escreva para baseadoemque@gmail.com
Ei meninas, eu também sou tupiniquim, maconheira como vocês!
Cristina Silveira, do Rio, no dia 10 de maio de 2009.
O fininho que satisfaz.
Caminhando na praia de Ipanema me atraiu a moça sentada na areia. Não me era estranha, finco o olhar e reconheço a itabirana Gisele Bragança. Tirei a moça da praia e juntas, tricotando notícias da Cidadezinha, vimos passar a Marcha da Maconha.
Na passeata, umas 300 pessoas. Entre poucos bichos-grilos predominou a rapaziada pequeno-burguesa. Eles são jovens e poetizam no asfalto da zona sul palavras de ordem: “ei, ei, polícia, maconha é uma delícia!/Não tenha vergonha de mostrar a sua cara na marcha da maconha!/Liberdade pra plantar”. No palanque desmoralizaram o movimento quando repetiram o fim religioso da Erva. Palha! Velhas práticas. Palha!
Fumar maconha não podia, afinal, a polícia também estava lá. Uns, de óculos escuros e cara fechada; outros, clarinhos, uniformizados de branco, bermuda e camiseta, não usavam óculos e sorriam.
A Marcha do Rio — pô! maconheiro não marcha, caminha, passeia —, teve a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A fala do ministro, além dos indispensáveis dados estatísticos, fez apenas revelar nomes e cargos do staff do Governo Lula, defensores de novas políticas públicas pra Erva. Mais nada, tudo a repetição da descriminalização, como é de interesse do tirano pós-moderno, o Mercado.
O grande barato do movimento ficou por conta da contribuição definitiva da escritora Helena Ortiz, com a publicação do livrinho baseado em quê? 46 páginas feitas rapidinho pra serem lançadas na Marcha da Diamba. E, em não sabendo no que ia dar, sem dar bandeira, foi o que ficou de consistente do movimento carioca.
O livro da Ortiz é um tapetinho de retalhos construído a partir de imeios entre duas escritoras e queridas amigas, Rita e Helena. Costurado com recortes de jornais e depoimento de maconheiro véio, chegou no Posto 9 um livro despretensioso, intimista e corretíssimo na abordagem da relação homem-maconha.
Começa assim: Rita, a observadora de formigas quer passar a limpo sua vida clandestina. Seu desejo é ardente manifesto de liberdade. Politizada pela comuna do formigueiro, quer aproveitar a marolinha democrática e oferecer seus segredos de estimação à nobre causa.
Rita quer celebrar a vida, relembrar e narrar experiência vivida a partir de 1969 até 2009, delimitou o tempo histórico entre dois séculos e 40 anos de maconheira. Maconheira, Rita não aceita a designação neoliberal de Usuária, ela é maconheira. Isto
posto, convidou pro banquete a amiga Helena. Poeta sem urgência, Rita quer que a Helena, talentosa na prosa, se ocupe de sua memória. Nesta data-limite o livro sustenta a narrativa em defesa da liberação geral e imediata da Erva.
Baseado em quê? é o maior barato! Quer saber mais escreva para baseadoemque@gmail.com
Ei meninas, eu também sou tupiniquim, maconheira como vocês!
Cristina Silveira, do Rio, no dia 10 de maio de 2009.
Obrigado pela citação, apesar de não ser maconheiro mas ter sido criado no meio deles, sou pelo livre-arbítro e o fim tanto do tráfico como da corrupção e violência policial.
ResponderExcluirA alimentação desta cadeia interminável vai dexando um rastro de sangue e injustiça pelo caminho, já está na hora de chutar esse balde.
beijo