Apagão, temporal e Shimon Peres. Pior impossível, mas as autoridades riem com Madonna e o petróleo. Queixam-se os aposentados com razão, a população está a descoberto e a polícia dá medo. Tempos de Deus me livre. Quem está lendo está vivo, e isso já é alguma coisa.
Brindemos, pois, mesmo assim, com Augusto dos Anjos, um chorão daqueles. E fiquemos no Choro (o ritmo) que esse é bom, e é nosso.
E aliás, uma dica: aos domingos, 8 da matina, Henrique Cazes apresenta O CHORO É NOSSO, na MPBfm, 90.3. Não tem pra mais ninguém. É bom demais. Seleção variada, qualidade garantida e comentários de Henrique Cazes, que sabe tudo e também faz história na nossa música. É como se a gente estivesse numa roda de chorões.
A Esperança
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a Crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da Morte a me bradar; descansa!
A louca
A Dias Paredes
Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.
Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -
E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça - coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.
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