A gente anda para cá e para lá. O Brasil, vocês sabem, é grande. Quanta extensão de terra! Quanta plantação! É do tamanho do Brasil que vem essa vocação para o cultivo: arroz, café, erva-mate, laranja, milho, todos os chás invejados pelo mundo afora. Cada um faz bem para uma coisa. Nada não presta. Tudo é aproveitável. E já está aí. É só a água molhar. Como é grande o Brasil, e como é lindo! Alguém já viu uma plantação de café? Alguém já viu uma plantação de maconha? E de laranja? Culturas, apenas isso, culturas. Para quem gosta de café, maconha ou laranja. Só tem uma diferença: quem gosta de maconha se dá mal. É perseguido. É proibido.
A invasão no Complexo do Alemão já apreendeu 36 toneladas de maconha. (Pelo menos é o que nos contam). E aí essas 36 toneladas de dinheiro são queimadas nos fornos da CSN. Não é a primeira vez. Dessa vez já não tivemos Ministro pagando o mico, mas a coisa continua.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, afirmou em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e à “RedeTV!” que vai sugerir à presidente eleita, Dilma Rousseff, uma discussão internacional sobre a legalização das drogas leves. Segundo Cabral, o tema tem que ser levado a fóruns internacionais.
“Sou a favor da discussão sobre a legalização, mas num plano internacional é que isso tem que se dar. Não adianta eu, governador de estado, levar esse tema. Isso tem que ser discutido na ONU (Organização das Nações Unidas), no G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo)”, disse Cabral.
Dessa maneira o Governador Sérgio Cabral se safa de tomar a frente e fazer o gol. Passa a bola e, para os abolicionistas, posa de simpatizante. Mas nos maconheiros - polícia. Só Deus sabe por que mais passarão os moradores das favelas com esse estado de guerra em que a polícia pode entrar quando quiser, olhar o que quiser, fazer o que quiser. Suspeitos antes do crime. Criminosos sem defesa. Na hora morta da noite, quem se levanta para acudir o vizinho? Alguém sabe o que é ouvir o torturado e não poder fazer nada para não dançar? As mulheres, principalmente as mulheres, sabem. No outro dia é que são elas. O choro, a humilhação dos mais fracos.
A novidade vem por conta do editorial do Globo que, se eu li direito, é, agora oficialmente, a favor da despenalização. Uma outra opinião é a do Coronel da PM, na reserva, Milton Corrêa da Costa, que acha que legalizar é um tiro pela culatra e pergunta: se a política de repressão não deu certo, qual é a garantia de que uma política de legalização dará? Ora, isso não sabemos e não saberemos sem arriscar, desde que esta experiência venha bastante discutida, bastante estudada, na intenção maior e constitucional de garantia (aí sim é preciso) dos direitos individuais. E é só não vir armada que já está bom. Ninguém quer mais guerra. O coronel também cita a Presidente Dilma Roussef ao ser indagada, tempos atrás, sobre a descriminalização das drogas: "Descriminalização de drogas é um tiro no pé. Num país com 50 milhões de jovens entre 15 e 19 anos é complicado."
Complicado? Pode ser. Mas o que fazer se esses jovens querem ter outras experiências, se não acreditam mais nas histórias que lhes contaram? Matá-los é menos descomplicado do que orientá-los?
Já o Sr. Carlos Werneck, que se diz empresário, escreve na coluna de opinião dizendo que o pontapé para a recuperação da confiança e admiração do carioca na política já começou. Entre lágrimas e fortes emoções acompanhei suas impressões sobre as meigas manifestações de moradores saudando a ação da polícia. Há outras experiências, mas sobre essas o senhor empresário não falou.
Também quero deixar aqui o meu bilhetinho às forças de ocupação: LEGALIZAR É LIBERTAR. Não existe liberdade monitorada. E os pais sabem disso muito bem.
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