27 de outubro de 2011

ORLANDO SILVA, O PRIMEIRO






O Orlando Silva que conheci foi "o cantor das multidões", que minha mãe ouvia no rádio e cantava. Eu achava meio empolado, mas gostava. O que era engraçado é que ela imitava os excessos.




Quando apareceu o outro Orlando Silva, na cabeça do Ministério dos Esportes (coisa que eu também acho um excesso) olhei praquela cara que nunca tinha visto antes e pensei: legal! É negro, é baiano - cumpram-se as cotas.
Depois fui sabendo uma coisa e outra, mas a mais enfática é, ao que parece, o fato de que o Ministro não pratica nenhum esporte, assim como Ricardo Teixeira. Agora entra Aldo Rebelo. Mais fraquito, impossível, mas está sempre no banco para tapar o buraco dos titulares. Um soldado do partido, como se diz.


O que importa dizer é que justamente neste escândalo, formatado como todos os outros ou melhor, tenha ficado mais explícito o jogo político da direita e seus meios de comunicação. O policial federal acusou mas não mostrou nada. E quando ia mostrar, afinal, ao saber que o Ministro se demitira, desistiu de mostrar as ditas provas. Agora o ex-ministro Orlando Silva sabe que o fato de ser negro só faz com que, na hora da saída, ele seja tripudiado mais do que os brancos, como fez Antonio Carlos Magalhães, o Neto, a mais perfeita encarnação de um dos maiores quadrilheiros que o Brasil já teve. Como diria Milton Santos, "Tente ser negro e pegar um táxi em Nova Iorque".

E o que é um Orlando Silva (o segundo) perto de Antonio Carlos Magalhães? Faz lembrar a pergunta de Brecht: "O que é um assalto a banco perto da fundação de um banco?"
É a mesma coisa. Foi-se Orlando Silva ( o segundo, porque o primeiro ficará) mas e o resto? Aqueles em quem ninguém fala e fica isso por isso? Ninguém se lembra do Sarney na hora do Basta?
Sarney é o nosso Berlusconi. Ninguém quer mas ninguém tira.

O Ministro Orlando Silva vai cumprindo o seu inferno. Resta cantar " Aos pés da Santa Cruz / você se ajoelhou / e em nome de Jesus/ um grande amor você jurou / jurou mas não cumpriu / fingiu e me enganou...


Assim é o poder.


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Um comentário:

  1. Excelente o seu texto, preciso, bem elaborado, divertido, criativo. Parabéns!

    Hélvio Lima

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