6 de agosto de 2013

MAPA DA MACONHA

Mudei. Ando por volta dos 30 endereços, desde que saí de casa, há séculos. 
Levo comigo as mesmas coisas, mais velhas do que eu. Móveis duram cem anos, nos acompanham quietos. Conhecemos seus problemas e eles - conhecem tudo de nós. Quando se acabam, ou não cabem na próxima morada, ficam pelo caminho. Logo mostram que fazem falta, já se foram. Como pessoas. Guardar o armário da sala é estar um pouco com minha vó, mãe, tios e tias, e rever todos jovens, num velho vídeo caseiro. As imagens são péssimas, mas ativada a memória visual, todos se movimentam como se tudo fosse outra vez e eu os estivesse vendo jovens, vivos, velhos os velhos. Como sempre foi. E então o filme termina. Todos vão embora. Para onde? 


? Estou sentindo falta do silêncio ou estava com saudade das buzinas, dos caminhões de lixo, das ambulâncias e do barulho da cidade que não descansa? O futuro dirá.

Minha intenção é apenas marcar mais um movimento que muda o rumo, o cenário, as belezas e aborrecimentos da cidade grande. Voltar ao Rio é voltar ao grande amor, ao primeiro grande amor consciente. Um grande sonho realizado.

Junto com isso celebro a coragem do presidente vizinho. Lutou desde sempre. Não quer enriquecer nem aparecer. Não esqueceu não deturpou não se tornou preguiçoso. Tem coragem, só isso. Quer diminuir os problemas em seu país. Quer tentar um outro modelo. Por que não tentar quando o que existe é fracasso? Acredita nas liberdades individuais e quer ver diminuir a criminalidade em seu país. A coragem não é dada a muitos. Pero a D. Pepe, sí. 


Um retiro de dois anos em Piratininga, região oceânica de Niterói mostrou que se está difícil viver no Rio, lá é muito pior. Além do trânsito, desmate, queimadas e construções. Vez ou outra, polícia. Proximidade de S.Gonçalo, por onde grassa o crime.
De modo que viver perigosamente é simplesmente viver.
Não vou informar agora o endereço novo porque o Obama está de olho, mas quem quiser chegar sabe como.
A luta continua. E continuará para sempre, até que se faça a verdade da terra, que dá seus frutos para todos. 

...

3 comentários:

  1. Olá Helena
    Devo ter sido o primeiro a ler seu novo texto que assinala mais uma mudança histórica. Como eu gostava de ter este feito no meu currículo!Ai os homens como eu estão a ficar com os pés presos ao chão e as mulheres como vc não param no mesmo lugar!
    Gostei do registo. A biografia é a mãe de todas as criações literárias; seja em conto, em romance ou no género que soubermos inventar.E quando do outro lado está alguém que estimamos ou admiramos lemos os relatos como se estivéssemos a ler aquilo que gostaríamos de contar sobre nós mesmos.
    Este texto merece um dia figurar numa antologia dos seus "alfinetes"
    Beijos do Joaquim emídio

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  2. é, pessoas que amamos muito fazem muita falta.
    Anna

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  3. Olá Helena, mudar é sempre bom. Mudei também.
    Você sempre registra as mudanças importantes para nossa sobrevivência. Que bom!
    Qualquer hora nos reencontramos.
    Beijos,
    Nilzanira Reyes

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