8 de janeiro de 2015

HUMOR E INTOLERÂNCIA

Ventos de selvageria sopram de todos os lados. Ondas de calor que vêm da fúria dos fanáticos, perigosamente fervorosos que acham que o mais importante que têm a fazer é explodir aquilo de que não gostam. São seres escuros, que só olham numa direção, que só aceitam uma idéia. Que querem impor uma só crença
Foi-se o jornal que tinha em seus quadros os melhores humoristas da França, uma resistência que pensávamos imbatível. Foi-se um contingente de artistas, políticos, lúcidos apresentadores de verdades  que a grande imprensa não ousa. Imprensa é oposição, já dizia Millôr, o resto é armazém de secos e molhados. O jornal poderá se reerguer, quem sabe, mas é difícil, sobre os cadáveres dos que sustentavam. Os franceses devem estar perplexos. O mundo está perplexo.
Já não basta matarem em casa, os malucos religiosos avançam.
Guardo comigo o primeiro exemplar da revista "Grilo", que saiu em 1973 no Brasil, onde conheci o trabalho de Wolinski, Feiffer, Reiser, Robert Crumb e toda a galera que surgiu nos Estados Unidos nos anos 60, a partir da revista Zap, idealizada por Crumb. Para mim foi um deslumbramento ver aquele humor cáustico, com traços tão diferentes e criativos. Foi uma época de ouro dos quadrinhos.

O radicalismo traz em si esse mau humor crônico, essa impossibilidade de ver os outros lados de uma questão. E seus adeptos não suportam serem provocados, ainda mais no que concerne à religião. Como não têm argumentos inteligentes, usam as armas, argumentos dos boçais.


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