12 de fevereiro de 2015

OS DEDOS-DUROS

Muito se fala em corrupção. No entanto, a ordem jurídica criou uma lei que chamou de "delação premiada". É com base nessa lei, que oferece não sei quê nem sei quanto aos delatores, que o sistema sai a campo fazendo o maior espalhafato e prendendo pessoas que tiveram seus nomes ligados, em algum momento, às atividades do delator, ou mesmo sem que isso tenha acontecido. Um delator pode inventar qualquer coisa que lhe peçam para garantir privilégios. Principalmente calúnias. Por que não? Já fez o acordo com a Lei, pode dizer qualquer coisa.
A lei, alegam os legisladores, é para facilitar a investigação de quadrilhas. Pode ser, mas também afeta de morte uma norma moral. A lealdade cai por terra. Cai também a noção de honra. E nessa queda levam na enxurrada a dignidade de homens e mulheres. Fica institucionalizado o "Roube, mas conte." Cada um faz a sua parte.
Em outros tempos muitas pessoas foram torturadas e morreram para não delatar os companheiros. A degeneração dos torturadores foi vista como "o cumprimento do dever".
A justiça não se fez, portanto, é era previsível que a corrupção aumentasse sem freio.
A criação da "delação premiada" é a aceitação social da deduragem. Os delatores são traidores não só de pessoas, mas de uma causa, seja ela por dinheiro ou poder. A delação premiada, a meu ver, incentiva a corrupção, ao invés de combatê-la efetivamente.
Mais uma vez, a estratégia está errada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário