18 de janeiro de 2010

FECHOU A PADARIA!



O choque de ordem inventado pela prefeitura do Rio já foi interpretado. Não se trata de uma série de ordens que visem estabelecer padrões ou até mesmo (ai, ai ,ai) leis. Trata-se apenas de divergência entre ordens. Uma daqui, outra de lá, uma hoje, outra amanhã. Inevitavelmente, chocam-se. É apenas isso. Depois, só o dilúvio. O Rio, como vocês sabem, está às moscas.
A foto de hoje é de um bairro do Rio. Bonito, histórico, bucólico, boêmio. Já quiseram até compará-lo a Montparnasse. Trata-se do bairro de Santa Teresa - coitado.
Santa Teresa de Ávila é a protetora do cinema, mas pelo visto só do cinema. O resto está ao Deus-dará, um pouco mais acentuado porque não se vê, está em cima.

E o que aconteceu agora não é pouco para o desassossego das famílias: fechou a padaria. A velha padaria das famílias. Cara, mal sortida, mas existia. Agora não há mais. E não adianta esticar suposições nos botequins. Aliás, também não existem mais botequins. Todos os restaurantes cobram pensando nos turistas. Mas isso é outra história. O certo é que a padaria fechou.
Uma padaria fechada significa muito mais do que mostra a foto. Significa que falta o pão; que o leite, o queijo ralado de última hora, o tomate que faltou - tudo isso, que é de fato a vida de cada um, acabou. E mais: os encontros dos vizinhos, dos namorados, dos bêbados - a padaria fazia a própria história.
Virá outra? Pode ser, mas e o sentimento? Chegar um dia à padaria e constatar: fechou. Por que? Decisão da Secretaria da Saúde? Falência? Ou terá sido a violência crescente que assustou o proprietário?
A verdade é que Santa Teresa agoniza. Assaltos, roubos, lixo espalhado nas ruas, mal-educados de todas as etnias, autoridades coniventes. Uma pena. E o símbolo disso é, exatamente, a padaria.
Agoniza mas não morre poderia ser o nome de um bloco de Carnaval, mas a foto do prédio, com as portas cerradas, sem ninguém nas imediações, já é de um fantasma.
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