3 de novembro de 2010

O OUTRO LADO DO DIA



Pronto. Acabou-se a disputa. Dilma Roussef venceu e foram inaugurados novos mortos no feriado de Finados.
A experiência não me permite mais grandes arroubos em se tratando de política, embora eu ainda sinta o gosto efêmero das vitórias. As decepções sempre caminham juntas.
Vi algumas entrevistas, e percebi que a capa da candidata foi afrouxada. Digamos que foi retirado o espartilho. Está menos tensa, e encara com segurança os novos dias. O equilíbrio emocional a ser mantido numa campanha é tarefa difícil. Ainda mais num jogo tão pesado. E mais a televisão com suas exigências
Dilma, digam o que disserem, é uma mulher admirável. Não domina a oratória, como Marina, mas mesmo assim ela se saiu bem, ninguém precisa ser bom em tudo.
Nunca se distanciou dos objetivos a que se propôs ainda na juventude e aprendeu na luta por uma ideologia um caminho a seguir. Foi secretária de dois partidos diferentes no Rio Grande do Sul. Convidada por Alceu Collares, do PDT, para o secretariado do município e depois do governo do Estado, permaneceu com Olívio Dutra, do PT. A competência fica evidente aí, quando duas cabeças diferentes em partidos diferentes, reconhecem numa terceira pessoa condições de tê-la no governo na certeza da honestidade e do respeito ao serviço público. Yeda Crusius não tinha sido inventada.
Depois, já em Brasília, disseram que ela era mão de ferro, que o baixo clero (o que estará armando nesse momento?) a odiava porque ela não recebia ninguém. Tinha suas razões.
Foi o ex-marido, o ex-deputado Carlos Araújo, a testemunha mais marcante que falou sobre ela. Disse que em casa não havia soco na mesa. Como ser delicada com os canalhas?
Não há nada que a desabone, no público ou no privado. As alianças fazem parte da política, e também do mundo dos negócios. Não sejamos inocentes.
Dilma é de Minas, passou por São Paulo, aprendeu no Rio Grande do Sul? Nada disso importa muito. Importa que é competente, é mulher e agora é Presidente. Uma brasileira. Um quadro, para falar no jargão, que cresceu na militância por uma ideologia.
Isso, meus amigos, não é para qualquer um, ou uma. O dedo do destino não aponta para a classe operária. Aponta para Lula. Não aponta para um negro, mas para Barack Obama. E nem para a mulher brasileira. Escolhe Dilma.
O que será daqui para a frente? Alguma coisa vai mudar? Tudo muda todos os dias.
Será para melhor? O que é o melhor? São 190 milhões de respostas. Quem poderá escutá-las?...
...

4 comentários:

  1. A campanha contra Dilma, ressentida e reacionária, deu em nada, pq ela venceu mesmo, e foi uma vitória de sentido vário, muito além da Presidência. Há quem prefira um país de balas perdidas a alguém que, um dia, por ser uma das raras brasileiras com vergonha na cara, empunhou armas por uma causa nacional. Esse Brasil dos hipócritas, dos delicados, vai se danar com a nossa primeira presidenta.

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  2. parabens, mt bom o texto, amistura da poesia com a politica.

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