A polícia ocupou no domingo, sem disparar nenhum tiro, o Complexo da Maré. É o que diz a imprensa.
Sem nenhum tiro disparado, só por acaso, morreram duas pessoas. A mãe de um dos mortos declara : eu podia esperar que isso acontecesse em qualquer dia, menos hoje.
A imprensa e o Brasil em geral lembram os cinqüenta anos que se seguiram à ditadura, na qual muitos não acreditaram e outros nem tomaram conhecimento, a não ser que tivessem um membro da família perseguido ou desaparecido. Pra frente Brasil.
É preciso saber tudo, dizem todos, 50 anos depois. Aí estão os presos e torturados que sobraram, suas lembranças marcadas no corpo e na alma e os caminhos que conseguiram refazer com suas famílias.
Também estão aí, soltos e pagos pelo Estado, os torturadores e mandantes, resquícios de uma lei própria de brasileiros: uma lei cordial, baseada no diplomático princípio de "vamos botar uma pedra em cima disso".
A tortura, no entanto, não acabou. Repete-se agora, neste momento em que você me lê, graças à comunicação via celulares, em qualquer lugar, preferencialmente nas favelas onde não há comissões e tampouco verdades. O tratamento bestial da polícia dado aos pobres é igual ao dos torturadores da época dado aos resistentes. Pior, porque aquela época já passou, e a de hoje está sendo vivida. A partir do "auto de resistência", o inocente, já culpado, pode morrer na viatura ou ser espancado em becos que só a polícia conhece. Mesmo com imagens que comprovam, os policiais seguem nas ruas e cometer atrocidades.
Vão acompanhar o preso que roubou uma lata de atum ou o que portava dois baseados. Sem contar com os que são presos, sem flagrante e sem prova, só porque "parecem" com o suspeito.
Vão acompanhar o preso que roubou uma lata de atum ou o que portava dois baseados. Sem contar com os que são presos, sem flagrante e sem prova, só porque "parecem" com o suspeito.
A democracia de hoje permite que os fatos da ditadura militar venham à tona. Quem permitirá que a tortura prisional saia da clandestinidade?
Na ditadura do capitalismo há sempre alguém que escravizar, e é evidente que tem muito mais sabor com sangue porque afinal, é disso que o povo gosta.
O blindado da foto não é mais o das forças militares que assombraram o País há 50 anos. Agora eles, os blindados e demais artefatos de guerra, totalmente modernizados, apontam para um público-alvo: os pobres nas favelas.
Às vezes tenho vontade de anexar a foto dos mortos pela polícia, uma galeria de vítimas da ditadura da repressão. Mas parece que em todos os tempos há informações ultra- secretas a que não temos acesso. Talvez daqui a 50 anos, quem sabe.
* este blog não segue as normas do acordo ortográfico
E a mudança climática precisa acabar para não aumentar a pobreza, que vai dar mais trabalho ainda para aquela "gente"...
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