6 de janeiro de 2015

ÁRVORES

Li, consternada, sobre o abate de 298 árvores no aterro do Flamengo para facilitar as obras de um estacionamento na Marina na Glória, de olho nas Olimpíadas. Nada mais triste. A decisão teve aprovação de todas as instâncias de governo, inclusive ambientais. A Marina, como se sabe, é tombada, mas o IPHAN também não achou nada de errado na obra. E assim sendo, serra elétrica nelas, cuja importância e beleza ainda não foram descobertas pelos donos do dinheiro, a não ser para enfeitar maquetes.

Foi quando me lembrei desse poema:


ÁRVORES
Joyce Kilmer
(Trad.de Olegário Mariano)

Sei que nunca verei um poema mais belo e ardente,
Do que uma árvore; uma árvore que encerra
Uma boca faminta, aberta eternamente
Ao hálito sutil e flutuante da terra.
Voltada para Deus todo o dia, ela esquece
Os braços a pender de folhas, numa prece.
Uma árvore, que ao vir do estio morno, esconde
Um ninho de sabiás nos cabelos da fronde.
A neve põe sobre ela o seu níveo diadema
E a chuva vive na mais doce intimidade
Do tronco, a se embalar nos galhos seus:
Qualquer néscio como eu sabe fazer um poema.
Mas quem pode fazer uma árvore? - Só Deus.

...

2 comentários:

  1. Para sua reflexão,
    http://wenceslaugoncalves.blogspot.com.br/2014/07/guerrilha-urbana.html

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  2. Amigo,
    Grato pela lembrança. Tuas indicações são sempre bem-vindas. Agora (9.01) estou curtindo a "terrinha" que, aliás, poderia ser bem mais arborizada. Wenceslau.

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