Desculpem se insisto. Há tanta coisa sobre as quais escrever. Os lançamentos dos livros de meus amigos Augusto Sérgio Bastos e Lina Tâmega Peixoto, a poesia mesma, o cotidiano, as relações humanas, mas eis que algumas coisas mostram que cada geração precisa descobrir a roda. E que os jornais não aproveitam em nada o potencial educativo que têm.
É que O Globo publicou no domingo, na Revista (a mesma que apresentou matéria sobre o cultivo caseiro de maconha), duas páginas sobre a realização do concurso Miss Marijuana promovida pelo site Hempadão.
Ora, o site, que é engraçado, bem feito e informativo, tem muitas coisas interessantes, mas vai que o Globo se interessa exatamente pelo que tem de mais atrasado, machista e conservador, que é justamente o velho e batido concurso de miss. Trata-se de um tema sobre o qual já escrevi, que é a posição secundária das mulheres na luta pela legalização. Elas só aparecem para dar uma conotação sexual e subserviente à questão, ou seja, concurso de miss.
Entende-se que a moçada, em dia com os hormônios, se dedique ao evento, mas que o Globo, o jornal, dê visibilidade a isso, é desgastante.
É que O Globo publicou no domingo, na Revista (a mesma que apresentou matéria sobre o cultivo caseiro de maconha), duas páginas sobre a realização do concurso Miss Marijuana promovida pelo site Hempadão.
Ora, o site, que é engraçado, bem feito e informativo, tem muitas coisas interessantes, mas vai que o Globo se interessa exatamente pelo que tem de mais atrasado, machista e conservador, que é justamente o velho e batido concurso de miss. Trata-se de um tema sobre o qual já escrevi, que é a posição secundária das mulheres na luta pela legalização. Elas só aparecem para dar uma conotação sexual e subserviente à questão, ou seja, concurso de miss.
Entende-se que a moçada, em dia com os hormônios, se dedique ao evento, mas que o Globo, o jornal, dê visibilidade a isso, é desgastante.
Na mesma edição, página 38, caderno de ciência e saúde, publica matéria sob o título BRASIL PODE GANHAR AGÊNCIA SOBRE USO MÉDICO DA MACONHA.
Ai a matéria é séria. O tema será discutido num simpósio internacional sobre Drogas Psicotrópicas nos dias 17 e 18 de maio em São Paulo, certamente por homens.
Eis aí uma duplicidade de tratamento: onde estão as mulheres, concurso de miss, gracinhas, desvalorização intelectual da mulher, que é o que esse tipo de concurso sempre foi; do outro, a cannabis como remédio, cientificamente estudado - por homens.
De relevante, apenas a declaração de Robert Malcher-Lopes, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília: "As barreiras para o uso médico da maconha não encontram respaldo no conhecimento científico. Mesmo considerando contra-indicações e efeitos colaterais."
Eis aí uma duplicidade de tratamento: onde estão as mulheres, concurso de miss, gracinhas, desvalorização intelectual da mulher, que é o que esse tipo de concurso sempre foi; do outro, a cannabis como remédio, cientificamente estudado - por homens.
De relevante, apenas a declaração de Robert Malcher-Lopes, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília: "As barreiras para o uso médico da maconha não encontram respaldo no conhecimento científico. Mesmo considerando contra-indicações e efeitos colaterais."
O que posso concluir? Que a legalização pode ser útil (para o Globo) nos dois sentidos: ajudar no tratamento de doenças (rsrsrs) e levar um pouco de "entretenimento aos leitores" (+ assinantes + publicidade + dinheiro), via concurso de miss. Afinal, é preciso mostrar o que as mulheres têm de melhor, não é mesmo?
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Cara helena,
ResponderExcluirFico lisonjeado toda vez que leio suas linhas!
Um grande abrace de seu amante anônimo!