Passado o domingo, que é para o descanso, eis que a segunda se apresenta para os comentários.
Pra começar, a lua nova que apareceu na noite de sexta-feira já trazia bons prenúncios, apesar do dia, que foi feio.
No sábado, dia 1º de maio, o sol, grande parceiro, se apresenta soberano, dizendo o primeiro sim ao movimento da legalização. (A natureza está em harmonia em relação às causas conjuntas). E eis que a Marcha aconteceu.
A imprensa já mostrou as fotos e disse que havia cerca de 1.500 pessoas. Outros dizem que havia mais. Não importa. Podemos deduzir que se havia 1.500 na marcha, outras 15.000 estavam por perto sem se envolver muito. Alguns nem saem da areia, que eu sei. Alteram o nível de consciência só para um barato, mas não alcançaram um nível de consciência que as faça pensar nas implicações sociais da proibição das drogas.
Fiz uma planfetagem na areia, pela manhã, e pude constatar mais uma vez que a receptividade à legalização é muito maior do que a resistência ou a aversão à medida. Os contra não tem outros argumentos que não sejam a cara feia e os lugares comuns, de que uma droga leva a outra mais forte, e outras cositas afins. Lêem pouco, ao que tudo indica.
Umas pessoas perguntam, outras já começam dizendo que são a favor, e outras já estão até fumando um, como é do conhecimento de todos.
Há vários pontos de vista interessantes que mereceriam uma abordagem mais profunda e freqüente. Não se pode esperar que uma idéia se transforme fazendo uma manifestação por ano. É preciso que ela tenha desdobramentos a fim de que as pessoas resistentes, pouco a pouco, dissipem as suas dúvidas e percebam que a causa da legalização é uma causa pelas liberdades individuais; que a repressão é fonte de mortes, medo, corrupção e custos enormes para o Estado; que a educação e a conversa sincera entre pais e filhos é a melhor forma de fazer com que um jovem decida sobre o que quer ser, usar ou fazer.
As grande ausência, já esperada, foi a de Marcelo Anthony, que poderia contribuir bastante com a propagação da idéia à frente de outros atores, cineastas, escritores, jornalistas, empresários, profissionais liberais, mães e avós de família que conhecemos. Isso sem falar em Gabeira, que pendurou as chuteiras, Marcelo D2, que tem um contrato a cumprir como os demais artistas, ou FHC, que preferiu se calar agora que é tempo de eleições.
Carlos Minc esteve lá e disse o que já vem sendo dito há muito tempo: o modelo proibicionista é um fracasso. Mais do que falar, mostrou a cara, coisa que pouca gente tem coragem.
Já anoitecendo, os participantes se encaminharam para o Arpoador, onde foi feita uma vigília em memória dos que morreram na guerra às drogas.
Tudo correu bem, sem percalços. A polícia esteve presente mas não incomodou, e os adeptos puderam ao menos soltar a voz, já que a fumaça é proibida.
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