A última é a venda de túmulos que não existem. Digamos que se trata de puxadinhos de túmulos. Entre um e outro, sempre há um espacinho para quem quer ser sepultado no São João Batista, um cemitério chique que não tem mais lugar para ninguém, nem para o morto.
A Polícia, no entanto, totalmente sem noção, mandou homens armados para coibir os excessos. Sempre fazem isso de forma excessiva. Seriam capazes de provocar um "auto de resistência", os vendedores de túmulos? Caberia um tiroteio no cemitério? E o risco de acertar no recém morto, prestes a ser enterrado? Por que não? Não entram atirando em escolas?
Nunca se sabe do que a polícia é capaz. Afinal, se ninguém notou é bom lembrar que durante o período em que duraram as primeiras manifestações, a polícia, constrangida com a mistura sócio-racial-econômica dos manifestantes, invadiu favelas, deitou e rolou matando inocentes pobres, já que a vontade de matar não pode ser controlada. Quem se importa? O Delegado acena com investigações rigorosas, mas rigorosa mesmo é a morte, para a qual não adianta qualquer investigação.
Foram-se os jovens inocentes (sempre são jovens), cuja única culpa foi a de terem nascido pobres e, pior, em favelas, e mais ainda, em favelas não pacificadas (pacificadas?). Sempre com o pretexto de serem confundidos com traficantes. Que por sinal, não morrem. Não morrerão jamais. Serão sempre substituídos por outros que também nascidos pobres, não resistem à vida aparentemente fácil. Também, principalmente, porque não há nenhum sinal de que a repressão seja o remédio para o tráfico de drogas. A solução, por ora, é liberar as drogas (e assim acabar com o tráfico) e ver no que vai dar. O pior é apostar num modelo fracassado, que nos foi passado, como tantos, pelos campeões de usuários, ou seja, os Estados Unidos da América.
Tudo isso porque é preciso perseguir os traficantes. Tudo isso porque a droga é ilegal. Se a droga fosse legal, não haveria mortes, ou ao menos não tantas, e não por esse crime, que é o de vender o que as pessoas querem comprar. Mas se preferem a morte... Tudo bem. Não pensam que se uma pessoa quer consumir uma coisa ELA IRÁ CONSUMIR de qualquer jeito. E sempre haverá alguém para vender. Aqueles que clamam por segurança também são contra as drogas. Não são capazes nem de entender a relação. Querem a polícia solta. Não sabem do que ela é capaz até o dia em que são vítimas ou que seus filhos são vítimas, não das drogas, mas do braço armado do Estado.
OBS: A imprensa divulgou as transações imobiliárias feitas pelo provedor da Santa Casa, Dahas Zarur e sua família. Não é pouca coisa. O prédio da Santa Casa é um monumento histórico, e belo, e países mais instruídos dariam a ele o tratamento que merece.
Até pouco tempo guardei fotos que tirei da Santa Casa, incluindo banheiros em situação que eu nunca tinha visto igual. Não as publiquei por vergonha. Procurada, a administração disse que a culpa era da população que era mal-educada. E que não adiantava limpar ou arrumar que "eles" destruíam tudo.
Santa Casa!
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Concordo com as tuas palavras, é preciso dá um basta em tanta violência. Há dias que leio meu amigo poeta e parceiro Mário Chagas nessa dura rotina pelas redes sociais. Costumo dizer que jogar a culpa de tantos erros acumulados ao largo da nossa história no lado mais fraco é fácil e também covarde, não quero saber quem é usuário das drogas pelo vício da curiosidade, vício diário... Vício é doença e doença necessita de cuidado, tem que se correr atrás é de quem enriquece fomentado essa desgraça muitas vezes sem mostrar a cara, de dentro das suas casas ou apartamentos luxuosos com vista para o mar no M2 mais valorizados de suas cidades.
ResponderExcluirDesde que adentrei no meio de tuas poesias me tornei teu fã, te chamo parceira porque tive a felicidade de colocar musica em alguns poemas teus. Passos, Poema que tece, Telefone mudo, Pena, Para sempre Argentina... Chegaste a me escutar tocando na casa de Fernando Magdanelo em Copacabana. Deixo aqui meu caminho http://poetaluislima.blogspot.com.br/
Gostaria de gravar Passos no meu próximo CD caso você permita...
Bjo. no coração...
Luis Lima