Sempre é bom lembrar que o dia 31 de outubro não tem importância, para nós, brasileiros, porque é o Dia das Bruxas, e sim porque é o dia de aniversário de um dos nossos maiores e mais queridos poetas, Carlos Drummond de Andrade. Digo isso, (e não é a primeira vez) porque nos últimos anos, até mesmo nas escolas, a festa é para as bruxas, evento importado da cultura norte-americana, que para nós nada deveria significar em comparação com a obra do poeta, ele sim, um mago no trato com as palavras.
No momento em que se conclui (afinal!) que o grande mal do país é a falta de educação seria bom dar uma olhada no calendário festivo das escolas.
É pelo Brasil que transcrevo aqui um poema que nos serve. E talvez nos salve.
NÃO SE MATE
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor,Carlos, você telúrico,
a noite passou em você
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão
barulho que ninguém sabe,
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém
ninguém sabe nem saberá.
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No momento em que se conclui (afinal!) que o grande mal do país é a falta de educação seria bom dar uma olhada no calendário festivo das escolas.
É pelo Brasil que transcrevo aqui um poema que nos serve. E talvez nos salve.
NÃO SE MATE
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor,Carlos, você telúrico,
a noite passou em você
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão
barulho que ninguém sabe,
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém
ninguém sabe nem saberá.
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