3 de outubro de 2013

HOLOCAUSTO EM PROCESSO

"Educai as crianças e não precisareis punir os homens" 
(Pitágoras)


Do que eu me lembro, foi na ditadura militar que a educação no Brasil começou a ser destruída. Primeiro, por força das perseguições aos professores, pela repressão, e logo depois, pela falta de investimentos, o que facilitou o avanço do ensino privado. Junto com isso o ensino integrado foi abolido e as disciplinas foram transformadas em créditos, uma expressão mais condizente com o neoliberalismo. Essa mudança tinha como objetivos livrar o Estado das despesas com educação e impedir que os alunos cursassem juntos todo o período de aprendizado, no colégio ou na faculdade. Adotados os créditos, acabaram-se as turmas, as relações que se solidificavam no início dos cursos e duravam até que terminasse, permitindo a formação de amizades, a troca de idéias, de invenção do mundo, fundamentais para a formação do ser humano. Tudo isso que representa perigo para os Estado autoritários. E que não mudou com o fim da ditadura.

Agora, o que vemos? Professores nas ruas, pedindo aumentos mínimos e aceitando percentuais ainda menores, alunos desocupados e pais transtornados. Por que? Porque está tudo errado.

Pais e alunos é que deveriam estar nas ruas, inclusive pais e alunos de colégios privados, porque o seu dia chegará. O monstro nunca está saciado. 
No entanto, os pais não aparecem e os alunos se queixam do tempo perdido. Mas não vão buscá-lo, ao lado dos seus professores. 
Os governos, todos eles, pós ditadura, não conseguiram e nem tentaram reverter o estrago e, pelo visto, acreditam que ainda são capazes de ir levando, sem se importar com o fato de que o Brasil é, internacionalmente, ignorante e inculto. FHC também deu sua contribuição quando o seu ministro Paulo Renato de Souza, de odiosa memória, introduziu as televisões nas escolas, trazendo com elas Xuxa, os Trapalhões e outras aberrações, desmanchando espaços que eram destinados ao teatro e à música. Depois vieram os computadores, e agora parece que não é possível educar sem computador. Onde estudaram os grandes escritores, cientistas e artistas antes de existiremos computadores?
Talvez tenham tido bons professores.  

A cada vez que os professores voltam de uma greve, vencidos e humilhados, sabendo que não há futuro nem para eles nem para os alunos, mais os alunos os desprezam, mais os tratam mal, debocham e agridem. Afinal, esse é o exemplo que têm: professores pedindo esmola e sendo reprimidos pela polícia. Por que os alunos irão valorizar uma categoria que o próprio Estado rebaixa, moral, financeira e fisicamente?

Melhor mesmo é (que ilusão!) a reeducação, a reintegração, a "apreensão", a pena, a tortura, a morte prematura.  Tudo isso, no entanto, é muito, muitíssimo mais caro que salários dignos e escolas limpas. Mas, como vocês sabem, não é o que interessa. 

Troca-se a cadeira na sala de aula pela cadeira elétrica, que é onde nos levará a privatização do sistema prisional.  Como nos planos de saúde, sempre chega uma hora que não dá para todos. E então somos obrigados a reconhecer, como nos mostra a história, que

O povo
unido ou desunido
sempre será vencido


3 comentários:

  1. Numa das paredes do extinto Inst. de Proteção e Assist. à Infância do Rio de Janeiro,: “Infeliz do egoísta que se desinteressa da infância”.

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  2. Bom texto, Helena! Muito oportuno, deve ser enviado para o maior número possível de gente e instituições.

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  3. Ótima abordagem, Helena. Constatamos a identificação do oprimido com opressor. Na sala de aula, os alunos se tornam o algoz do professor,. Isso tudo é tão triste...Bjs

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