Pelo tempo que existo, é natural que tenha hoje guardados em mim mais mortos do que vivos. E dos ídolos, foi-se agora o penúltimo. Nelson Mandela, última representação da esperança de paz e de entendimento entre os homens.
É possível que muitos tenham o mesmo desejo ou crença, mas não um como Mandela, que veio com papel definido, como nascem os grandes. Chegam com a força de espírito que tudo suporta e consola, e ainda oferece à causa 27 anos da própria existência.
Ainda ontem, quando soube de sua morte, quando ouvi na televisão as palavras de conciliação que a mídia editou, também ouvi os gritos em Soweto, perseguidos pelas armas e ódio brancos.
Mandela, no entanto existia. Preso, incomunicável, era também um silêncio de coragem. E essa coragem lhe era retribuída pela resistência do povo segregado. Há tempos ele vinha sendo o líder na busca da liberdade. Já havia mostrado que sua luta era um destino assinalado.
A trajetória se assemelha à de Gandhi, no que se refere à busca do entendimento. Os inimigos - os mesmos. Sempre os brancos, com sua sede de dominação e superioridade.
Há pouco tempo os índios tentaram entrar no Palácio em Brasília e foram rechaçados. Por que esse descaso com os índios? Significa dizer com a natureza, com a ciência, com a saúde, com a cultura. Os índios hoje são tão poucos que tudo se resolveria a contento se alguém quisesse corrigir o erro, alguém que pensasse sinceramente no bem desses brasileiros que, afinal, já estavam aqui quando Cabral chegou. Foi a primeira mentira inventada para a nossa história. Quem pode descobrir o que já está povoado?
Cada país vive as suas mentiras. A nossa é dizer que o País não é racista, mesmo tendo à frente a crueldade com os índios e as estatísticas do sistema prisional quanto à escandalosa maioria negra.
O que não temos mesmo é alguém que se faça ídolo, tão grande e justo que não pairem jamais dúvidas sobre seus objetivos. Alguém que honre a própria história e a história do mundo.
Não temos.
O que temos é muitas montanhas a escalar.
É possível que muitos tenham o mesmo desejo ou crença, mas não um como Mandela, que veio com papel definido, como nascem os grandes. Chegam com a força de espírito que tudo suporta e consola, e ainda oferece à causa 27 anos da própria existência.
Ainda ontem, quando soube de sua morte, quando ouvi na televisão as palavras de conciliação que a mídia editou, também ouvi os gritos em Soweto, perseguidos pelas armas e ódio brancos.
Mandela, no entanto existia. Preso, incomunicável, era também um silêncio de coragem. E essa coragem lhe era retribuída pela resistência do povo segregado. Há tempos ele vinha sendo o líder na busca da liberdade. Já havia mostrado que sua luta era um destino assinalado.
A trajetória se assemelha à de Gandhi, no que se refere à busca do entendimento. Os inimigos - os mesmos. Sempre os brancos, com sua sede de dominação e superioridade.
Há pouco tempo os índios tentaram entrar no Palácio em Brasília e foram rechaçados. Por que esse descaso com os índios? Significa dizer com a natureza, com a ciência, com a saúde, com a cultura. Os índios hoje são tão poucos que tudo se resolveria a contento se alguém quisesse corrigir o erro, alguém que pensasse sinceramente no bem desses brasileiros que, afinal, já estavam aqui quando Cabral chegou. Foi a primeira mentira inventada para a nossa história. Quem pode descobrir o que já está povoado?
Cada país vive as suas mentiras. A nossa é dizer que o País não é racista, mesmo tendo à frente a crueldade com os índios e as estatísticas do sistema prisional quanto à escandalosa maioria negra.
O que não temos mesmo é alguém que se faça ídolo, tão grande e justo que não pairem jamais dúvidas sobre seus objetivos. Alguém que honre a própria história e a história do mundo.
Não temos.
O que temos é muitas montanhas a escalar.
Como Atlas que sustentava o Firmamento nas costas, Mandela foi o símbolo duma resistência
ResponderExcluirimpelindo seu povo a indignar-se na desigualdade.
olá Helena
ResponderExcluirSempre mais marginal que integrada (rs)
vc liga sempre o mundo ao Brasil seja na morte seja na vida
é isso que eu chamo no meu ofício de jornalismo de proximidade ; não importa se somos milhares ou milhões, importa é o exercício.
um abraço
Joaquim emidio