O que foi que aconteceu com as manifestações? As reivindicações foram atendidas? Houve uma combinação tácita entre todos os queixosos pra deixar pra lá? E toda aquela esperança represada que nos tirou do marasmo? E o grande índice de aprovação da população aos protestos? E o medo dos políticos?
Terei sonhado com o que aconteceu? Para onde foi o grito das ruas? Aceitaram a incompetência? Teremos um pouco mais de paciência? Adotamos a black Friday, mais uma indigência consumista importada dos EUA, o país em que o FBI trucidou os Black Panthers. -
Que tendência para o pior!
Tudo cansa e enoja. O que é real é mau. O mal é certo e logo vem.
Deixo-lhes por isso, nesse domingo negro em que o Rio parece Macondo, a primeira peça do poema "Três peças dispépticas", de Paulo Henriques Britto, do livro As formas do nada.
Acho que combina.
I
É aqui mesmo, sim.
Você era esperado.
E por falar nisso,
chegou atrasado.
Não peça desculpas:
não adianta nada.
O atraso será
contabilizado.
Não há a menor dúvida;
é este o endereço.
Mas fique sabendo:
tudo aqui tem preço.
Não esteja à vontade.
A casa não é sua.
E se não gostar,
por ali é a rua.
Já vai? É melhor
sair pelos fundos.
A sua partida
será esquecida
em cinco segundos.
...
Bem isso, Helena. Mesmo que infelizmente, grato pelo texto. Abraços. Pedro.
ResponderExcluirTalvez, Helena, a Globo não tenha conseguido um novo patrocinador, ou quem sabe um horário melhor na grade de programação para transmitir as manifestações.
ResponderExcluirSocorro, Chico: Haja voz ativa para tanta Roda viva! Vou tentando ouvir Edgar Morin para não morrer de desgosto, e, sem garantias, seguir em frente com esperança na aposta estratégica do jogo de ações.... Nada fácil... .
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